(poema publicado na Revista Libertinagem, 2018)
Entregue aos danos
Da fêmea que germina
pérfidas chamas
entre velas
de súplicas e piedades.
Abençoada estou.
No equinócio
atrasado de teu rubro
verme que desaponta
as dores dos brabos verbos.
A ti.
Mulher do canivete amolado,
métricas sem arrimos práticos
da poética que mata por descuido.
A ti.
Mãe do inquestionável
meretriz das falhas
e dos rumos
Senhora
do fim.
Abençoada estou.
No gozo industrial
das máquinas de costura.
Chega, pequena.
Arremata
meus pontos finais.
Vem.
Germina por si só,
ventre interlocutor
de constelações
em mãos duplas.
Bate o ponto.
Floresce.
Rima
a tua com a minha.
Arremata, moça.
Cuspa o arsênico
limpe os pés.
Que estou entregue
aos danos que, em nós,
bem me querem
A ti.
Camila Passatuto
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