Gosta quando derramo meus líquidos sobre a casa. Meu choro,
meu catarro, meu sangue ovulado, minha trilha gastrópode, o suor misturado. Sei
que um risco de satisfação se acomoda em teu ventre, quando escapo e patavinas
me faz dobradiça e possível. Você adora.
Não sei o que deseja ler, talvez nem saiba que ainda escrevo
pelos rumos apressados de documentos empilhados na repartição central da
existência de um caos imaturo.
Minhas mesmices. Eu estive triste, talvez as notícias em
sites vazios, talvez a distância do que é suave, talvez você em outro corpo,
talvez eu em outras vulvas. Todo esse estrago, meu pó de giz, sabe?
Ainda observo pessoas. Descobri que discursos maldosos, no
fundo, ainda são discursos maldosos. Manipulação e jogos de interesses.
Afastei-me dessa gente com gosto de mofo e olhos maldosos. Sem prazer nas vias
cifradas e pixotadas vazias. Ainda observo.
Da poética, esse cantochão que permite rematar e custodiar o
pouco que somos, nada desfiz. Barracos acumulam cidades. Vi um verso avoar
gente e não liguei para o fato. Estou ruim do sentir e do amimar palavras. Da
poética. Nada se leva em dias de cavalhadas sobre a barriga. Entende?
Não sei o que deseja ler. E não faço nada além de dedilhar,
sem estratégias e amor, essa nutriz espaçada de lógica e estrutura. Perdi
metade do mundo que pairava sobre meu lampejo de mulher e não sei compor o que
congrega o humano à alma, aos céus, ao lixo da vizinhança morta em dia de
glória.
Hoje sou mais pedra que mulher. Talvez um muro e um sol.
Você adora.
Camila Passatuto
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