terça-feira, 12 de novembro de 2019

POVO DO ENTORNO





Penso com o sangue colorido de vinho,

Talvez somente mais um caminho, adivinho.

A alma leve como uma placa de aço

Dilato corpo e mente, como faz o espaço.



Na cidade sinto a chorumela da noite,

Sigo e agradeço ao Senhor, esse meu açoite.

Mães relapsas e filhos choram ao seus lados

Entregam-me seus fardos, definem meu estado.



Eu decidi por ser sujeito inconseqüente,

Liberar quem quer que seja, no inconsciente.

Comecei devagar bebendo querosene

Nada me afeta, nem a polícia e sirenes.



Penso e me preocupo sempre mais de uma vez,

Usar o coquetel molotov, que comprei.

Risco um fósforo para evadir logo após.

E fumo um cigarro com classe, sem suor.



Sussurros, pulsões do desejo que me fala,

Favor, mais uma dose, ah... porque não me mata.

Plenitude de poder parar, desmaiar.

Não quero me aprender, para não me ensinar.



Porque tudo nunca foi e será bem bastante,

Não há retorno para o tempo, nem instante.

De proteção vestirei hoje o mesmo adorno.

Eu e muitos outros somos sim, povo do entorno.

Eduardo Ribeiro

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