"Se tudo pode ser metáfora de qualquer coisa e qualquer
coisa pode ser traduzida numa coisa qualquer, não há centro, o centro pode
estar em qualquer parte, ao mesmo tempo, ou nunca estar em lugar algum. Numa
cidade muito antiga, vivia uma história antiquíssima, a história de uma cidade
que foi destruída pela beleza de uma mulher, Helena, mulher do rei Menelau.
Naquele tempo, a beleza matava. A Medusa queria paralisar a história, a Medusa
queria a pedra. Perseu queria mais, fazer a história, contar a história, ser
contado pela história, esse, um dos significados possíveis da fábula de Perseu
e da Medusa, diz Tirésias a Heródoto, não me pergunte mais. Saber o futuro é
meu castigo, saber o fim de todas as histórias, o encontro das histórias
paralelas no esquecimento infinito. Cada cidade, suas histórias. [...] Viajar é
mergulhar no labirinto vertiginoso, lendas, cidades, variantes."
p.leminski, trecho de "Metaformose", sem grifo
(nem hipogrifo)...
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