quinta-feira, 14 de novembro de 2019


"Se tudo pode ser metáfora de qualquer coisa e qualquer coisa pode ser traduzida numa coisa qualquer, não há centro, o centro pode estar em qualquer parte, ao mesmo tempo, ou nunca estar em lugar algum. Numa cidade muito antiga, vivia uma história antiquíssima, a história de uma cidade que foi destruída pela beleza de uma mulher, Helena, mulher do rei Menelau. Naquele tempo, a beleza matava. A Medusa queria paralisar a história, a Medusa queria a pedra. Perseu queria mais, fazer a história, contar a história, ser contado pela história, esse, um dos significados possíveis da fábula de Perseu e da Medusa, diz Tirésias a Heródoto, não me pergunte mais. Saber o futuro é meu castigo, saber o fim de todas as histórias, o encontro das histórias paralelas no esquecimento infinito. Cada cidade, suas histórias. [...] Viajar é mergulhar no labirinto vertiginoso, lendas, cidades, variantes."

p.leminski, trecho de "Metaformose", sem grifo (nem hipogrifo)...

fonte : Ivã Justein Santana

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