● es naturalmente covarde sancho ●
● com essa lingua presa na terra ●
● pregada na braguilha dos senhores ●
● alem sapatos bem limpos com cuspe ●
● as canelas finas desses senhores todos ●
● tratadas com perfumes e cremes raros ●
● es naturalmente covarde sancho ●
● desde o berço desde o leite azedo ●
● q te manteve preso no peito ancho ●
● filho de papai sempre filho de mamãe ●
● solta esse pirulito esse prato de mingal ●
● salta dessa terrinha minuscula e fria ●
● es naturalmente covarde sancho ●
● ver viver no mundo de todo mundo ●
● não é viver é rodopiar na manada ●
● viver o mundo é saber q não ha mundo ●
● ha tantos mundos e todos tão desiguais ●
● belos e vastos quanto formigas e vermes ●
● es naturalmente covarde sancho ●
● porq nem a amizade nem o amor ●
● nada reduz o viver ao não tremer ●
● desde agora pra sempre e do sempre ●
● pra gora te desminto e nego e digo ●
● q mentes vivendo essa coisa de medo ●
● es naturalmente covarde sancho ●
● não posso me apartar de mim e da furia ●
● q tanto temes e te borras e tanto gemes ●
● essa furia sancho é a grande hora ●
● o grande corpo a grande lingua q vai ●
● criando alem desse mundo e sua orbita ●
*Alberto Lins Caldas
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