sábado, 5 de novembro de 2016

PENUMBRAS


Varo escuro
a noite em claro
e não quero o que prefiro. . .
Desencontro o que procuro
porque lúcido deliro
Meu moderado exagero
erra o alvo em que não miro. . .
De esperança desespero
e com esmero me atiro
num labirinto sincero
que minto enquanto respiro

Sou nada . . . Parto do zero
e no final sou vampiro
de mim mesmo . . . falso e vero
porque lúcido deliro
E áspero me exaspero
na inspiração que transpiro
e pela qual pago caro
pois que ao avesso me viro
para ser menos que um mero
fingidor . . . e assim me firo
indo acolá do que espero
sem querer o que prefiro
E demoro e me admiro
morando fora de mim
seguindo, cego e seguro
para o início do meu fim
Já se passa por futuro
meu passado . . . e sendo assim
tanto faz se passo apuro
ou se sou feliz, enfim
Entre o sim e o não, um muro. . .
Sobre o muro um Serafim
Sombras, penumbras murmuro
e insano . . . acendo o estopim.

PAULO MIRANDA BARRETO

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