Está doendo em meus ombros
uma cesta de impérios (dinastias
arrastadas em meus braços
sobre o penhasco dos séculos); está
doendo em meu sangue,
em minhas etnias.
(As casas velhas derramadas
sobre a memória; o abrigo
dos que morreram
sem o nome de um deus
nos lábios...)
Está doendo o que tosse
na noite fria; doendo
o que naufraga com os pés
no chão.
Siderado em meus rastros
carrego o troféu desse anônimo
cortejo; dessa lenda
misturada ao pó --
nos corredores de manhãs avulsas,
com seus barcos ancorados
nas pupilas.
Está doendo a sucursal de mim,
nas palavras a crédito.
Ante
os que matam por caridade,
e os que mentem
como se rezam;
ante
as tarifas do paraíso.
Desse havido às mutações
da usura, são
estas hélices de fogo.
E o poema falando com as pedras.
SALGADO MARANHÃO
Nenhum comentário:
Postar um comentário