Eu desde cedo disse alto aos meus pais,
Eu vou ser doutor e médico galanteador:
Mundo roda, vem, volta e retorna mais,
Acabo utilizando minha vérve de impostor.
Eu não sou das letras: sou mero proseador,
Até o pai gritar em bom som e deixar no ar:
Proseador traz mantimentos pra casa, senhor?
Tergiversar sempre foi meu forte, pra variar.
Eu me abracei ao vinho e contemplei ninfas
O vinho acalma os sentidos, a mente ilumina:
O que se faz para saciar a sede do meu vício?
Ceder à tentação é o que o diabo me ensina.
Bonança de um novo advir
O silêncio adormecido da tua ausência,
Torna o ontem distante e o amanhã longe
E o agora, provoca um grito amorfo no meu peito,
Estrangulado pela dor do meu querer,
Deixa-me a alma entorpecida pela saudade
De um tempo em que as cores tinham mais beleza;
Em que um simples suspiro,
Era néctar que me inebriava de prazer;
E um abraço tinha o calor do sol!
Mas o agora, não é mais que dura realidade,
Dos sentimentos perdidos em noite de tempestade,
Levados no vendaval das desilusões;
A tormenta absorveu todo o sentir,
De um amor que avassalava as vontades,
Que se desfaleciam no prazer da paixão!
Por isso este grito sufocado no meu peito
Espera libertar-se dos grilhões a que se submeteu,
Quando este amor,
Não for mais que simples recordação
Vivida num mar tenebroso
E a calmaria surja na bonança de um novo advir.
José Carlos Moutinho
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