aquele que acende a intimidade com a escrita
que ordena uma luz depois que se apaga o relâmpago
o da primeira hora, votiva, éter antes confundido ao facho e
aos seus motores
e que agora difunde uma nova sinfonia de seres despertos,
mudos
entre o sono e a névoa, o perfume e a névoa
o tingimento da voz, os resíduos; tudo coberto pela fina
película de orvalho
o que se enche de cuidados, mas se sabe já fora de um mundo
e se derrama sobre a primeira mancha de oceano - à costa de
um litoral sem lei
um movimento deflagrado, pueril, de alvoreceres e crimes
este um mundo findo, arcaico, miragem pós-mundo
o que cultivou da raiva o milagre, o que jogou a bomba e foi
dormir
os fluidos que rondam os olhos, o olfato, os buracos todos
este sal de miasmas fecundos, este amor entre spartacus,
pajés, espadachins
um vulto por entre as folhagens, o metal brilhando
deste escrever sem aparas, este ressuscitar da mulher que
caminha em direção a si
(Autoria: Roberta Tostes Daniel)
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