Quando José chegou para tirar o seu CPF no correio não sabia que precisava tirar uma senha. O problema de José é que ele não sabia nem ler nem escrever. Com a ajuda de uma desconhecida conseguiu tirar um papelzinho daquela máquina estranha onde tinham três números que ele não entendia. Sentou-se no banco enfileirado e ficou a esperar. Fazer o quê? Ruídos diferentes daqueles do seu cotidiano ouvia. Nem o pipilar de um pássaro, nem o acuar de Tobi... ficou ali sentado feito um ás-de-paus. Aos poucos foi percebendo que tinha se esquecido de tirar o chapéu para entrar naquele lugar tão movimentado e que estava com a barba por fazer e as botas por engraxar. Que distração ou que falta de capricho diria sua falecida mulher. Lembrando-se dela colocou as mãos na boca para tossir. A garganta estava seca. E o atendente não atendia. Começava a ficar nervoso até que outra atendente perguntou: qual é o número de sua senha? José disse que não sabia. Então a atendente pediu para que ele se aproximasse do balcão. E, José, como todos os desprovidos da sorte, aproximou-se timidamente. E foi atendido. E saiu dali feliz da vida, com o seu CPF no bolso, para o seu lugar de origem.
. De Mara Paulina Arruda.
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