sexta-feira, 7 de setembro de 2012


"Recordando as tantas conversas com o meu imenso amigo, Rodrigo Madeira, visualizei em um texto do lusitano Eugénio De Andrade, algumas daquelas tantas conversas; falações muitas vezes peripoéticas atravessadas entre o meu tugúrio na Visconde de Nácar [onde quase sempre começavam] e a rua XV, muitas vezes pousadas no Bar Mignon, para termos a expectação intro-versejada do Seu Teixeira; amiúde nos acompanhava o meu irmão Ricardo Pozzo , e de vez em quando outros comparsas; enfim, éramos invenções do solo poetibano, faziamos na surdina o pilar do Leminski e a polaca do Trevisan. O Madeira, Pozzo, Wilson Nogueira, Angela, Leandro Vicelli, Olinto , Almada , Jaques e Otávio , visionários não menos predicados que o colossal poeta Eugénio De Andrade, de quem é a autoria o texto que abaixo apresento.

''As palavras são o ofício do poeta ... quanto a mim, gosto das palavras que sabem a terra, a água, aos frutos de fogo do verão, aos barcos no vento; gosto das palavras lisas como seixos, rugosas como pão de centeio. Palavras que cheiram a feno e a poeira, a barro e a limão, a resina e a sol ... foi com essas palavras que fiz os poemas. Palavras rumorosas de sangue, colhidas no espaço luminoso da infância, quando o tempo era cheio, redondo, cintilante. As palavras necessárias para conservar ainda os olhos abertos ao mar, ao céu, às dunas, sem vergonha, como se os merecesse, e a inocência pudesse de quando em quando habitar os meus dias. As palavras são a nossa salvação''

Túllio Stefano 

Nenhum comentário: