O que é que é
que todos sentem
é igual e diferente
e sendo comum a todos
é sempre pessoal
e dependente?
O que é que é
que na batalha vence
o cabo e o general
que se dá no peito
de pobre e industrial
e transforma santo
em marginal?
O que é que é
que se pensa coisa humana
mas tem força animal
e sendo comezinho
é também transcendental
e posto que concreto
é abstrato e real?
O que é que é
que não se pode interromper
como se fosse vício
e a que a gente se entrega rindo
ignorando o suplício.
Que coisa é essa
para o qual o medico
não tem medicamento
o engenheironão tem compasso
o atornão tem disfarce
e o jardineiro
mesmo arrancando
nasce?
O que é que às vezes
começa sorrateiro
sem ser sentido
que não se tendo antes
experimentado e vivido
quando surge
é logo reconhecido?
que faz do mais tíidoatrevido
e do mais afoitocomedido
que quando mais cortado
mais compridoe prazeroso
mesmo sofrido?
O que é que é?
Quem souber
Sabe o que eu digo…
Affonso Romano de Sant'Anna
( in “Vestigios”)
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