sábado, 2 de setembro de 2017

A Pedra Maldita.


Encontro-me numa senda sem retorno,
Vendo o forno do inferno no final,
Agarrando-me as pedras do caminho,
Apaixonei-me pela pedra mais mortal,
Que sugou toda a minha juventude...
E jogou-me num açude terminal.

Tropecei nessa pedra da qual falo,
Num embalo a buscar felicidade,
No início foi apenas um tropeço;
Um travesso brinquedo da idade,
Fui esquecendo que a vida não tem preço,
Hoje almejo a morte por caridade.

Como um doce que se dá a uma criança,
Essa pedra que passa de mão em mão,
Quem a fez não teve a sinceridade,
De fabricá-la em forma de caixão;
A promessa da falsa felicidade,
Que nas esquinas se compra com facilidade.

Não cheguei ainda ao final da trilha,
E a matilha que me segue esfomeada,
Se alguém me mostrar algum atalho,
Que me livre desta triste caminhada;
Não servirei de repasto para os lobos...
Que colocaram essa pedra em minha estrada.

 José Tavares      

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