segunda-feira, 28 de outubro de 2019


Desço as escadas do sagrado
para celebrar meus demônios.
E eles estão na janela de uma
casa na rua Cristiano Viana.
Foi ali que Nanau caiu da janela
e morreu.

Quero eliminar aquela rua
da minha vida. Quero apagar
essa dor resistente até hoje.
Mas a rua retorna,a janela não fecha.
E Nanau reaparece: no muro,
no quintal, na sala, no quarto.

Escrevo pra trazer você de volta
pra driblar essa tragédia instalada
em mim em dezembro de 1954
talvez pra salvar os destroços
do teu transitório pertencimento.

Rubens Jardim


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