Espelho, espelhas-me – fatalmente.
E diante dos meus olhos eu não minto.
E nem ouso sorrir. Apenas olho-te
refletir-me em silêncio: exato, cruel.
Por quê? – pergunto. E meu rosto crispa-se.
Espelho, espelhas-me. E o dia espalha-se
fatal
e rotineiro.
Olho-me nos olhos. E agora sem pavor
abro a torneira e lavo o rosto.
Não sou parecido comigo – pondero
enquanto faço a barba. Como vão me reconhecer?
Pela janela entra o gume arguto da manhã,
o rugido realista do tráfego.
Agora está tudo claro, claríssimo:
– não me conheço.
Otto Leopoldo Winck
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