● reduzido ao silencio - absoluto - ●
● ouço corvos - ouço bramidos indistintos - ●
● sei q aqui não é floresta nem zoologico ●
● pra haver esses sons - esses passos - ●
● esse cheiro de mijo de raposas e onças - ●
● cheiro de arvores mortas - o fogo o fogo - ●
● cheiro de peixes podres - essa agonia ●
● porisso me ponho de pe - cambaleando ●
● vou ate o mar - não ha o mar - terra rude - ●
● ondas de ossos - carnes rasgadas e secas - ●
● o mundo se vai como um porco sangrado - ●
● as rochas deslizam toda manhã no sangue ●
● q a noite não coagulou - correm rochas ●
● pelas ruas como cavalos sem cabeça ●
● so tristeza mata alguem - berram na sombra ●
● como se dissessem vendemos pirulitos azuis ●
● q são os melhores pirulitos azuis do mundo - ●
● assim olhando as rochas q flutuam pela rua ●
● sinto o desejo de comprar pirulitos azuis - ●
● as pedras batem nos muros e derrubam ●
● casas - isso não deve importar um suspiro ●
● nessas idas e vindas me vejo num espelho - ●
● vejo um cão - um tigre - ursos - mulheres ●
● coladas a essa carne - a carne - desde dentro ●
● dos ossos - nuas nuas - guardo o corpo delas ●
● como seu fosse um cão - um tigre - um urso - ●
● sinto q ja fomos intimos demais - agora jamais - ●
● chega a hora q so podemos ver e não viver ●
● a beleza nos deixa - mergulhões despencam ●
● na agua gelada do mangue - esse cheiro ●
● de lama viva e nos deitamos no chão sentindo ●
● o sol se dissolver dentro da tarde - quanta tolice ●
● cabe dentro duma vida q se dissolve sem resto - ●
● quanto sangue inda corre pelas ruas e rochas - ●
● cinzas dum urso - corpos de mulheres nuas ●
● fico na cadeira de balanço - com vontade ●
● de pirulitos azuis - digo - vc tem rochas ●
● deslizando pelas ruas nas sangrias da noite ●
● ?por q quer mais - eu mesmo respondo - ●
● porra nenhuma - por porra nenhuma - é o dia ●
● q me faz ficar assim mais triste q a morte - sim - ●
● deve ser porq fui idiota e morno a vida inteira ●
*
ALC
Nenhum comentário:
Postar um comentário