Tu não lutaste contra humanos ou
contra delfos. Mas contra a sombra inculta
que ainda agora inunda o teu clamor;
muito pior que o império da cicuta.
Pobre de nós que alçamos o torpor
do múltiplo desamor que se transmuta
nas dez mil faces desse traidor
que dia após dia nos executa.
Essa aurora de pedra. E as ruminantes
horas mudas e os sonhos derrapantes
na fuligem da história dos vencidos.
É o que chega até nós desse transplante
da tarde que se quebra em alarido;
aos farrapos do tempo consumido.
SALGADO MARANHÃO
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