sexta-feira, 17 de novembro de 2017

ESPÍRITO POR UM DAIMON

Alceu Natali      


O espírito cábula que não se manifesta nem a cada lua azul.

Joga só com o nome e pelo nome não atende quando invocado no reduto do seu suplicante ou em estância forânea.

Tem ojeriza draculiana da luz do dia que desce com o fogo do sol e derrete o orvalho da terra

que não se debela com a água da chuva e só bruxuleia com o sopro do ar.

O espírito psicóide que vem do nada e vem do azul.

Sintoniza um sincrônico e, sem ser chamado, a ele se reapresenta para onde quer que seu refúgio tenha se mudado.

Colhe fôlego do ar e nele se camufla quando desce à terra,

esgueirando-se pela água que não molha e pelo fogo que não queima.

O espírito desarmado que não traz inimigo e também não põe azul sobre azul.

Fala com os olhos e pela mente se expressa em sonho, mas adormece os sentidos na vigília.

Renova suas feições da terra e confunde como fogo amigo.

Testemunha a água de lágrimas assustadas e o ar gentilmente abanado pelas preces murmuradas.

O espírito anacrônico que não deixa seu nome entrar num livro azul e o abandona numa lápide.

Zela pelos que ficaram e dele não se sabe o que se espera, mas a ele mais se pede do que se tem para dar.

Materializa-se como vapor de água que não pode ser bebida pela terra.

Desaparece como o fogo da vela que se extingue com o aroma de incenso que esteriliza o ar.



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