Alceu Natali
O espírito cábula que não se manifesta nem a cada lua azul.
Joga só com o nome e pelo nome não atende quando invocado no
reduto do seu suplicante ou em estância forânea.
Tem ojeriza draculiana da luz do dia que desce com o fogo do
sol e derrete o orvalho da terra
que não se debela com a água da chuva e só bruxuleia com o
sopro do ar.
O espírito psicóide que vem do nada e vem do azul.
Sintoniza um sincrônico e, sem ser chamado, a ele se
reapresenta para onde quer que seu refúgio tenha se mudado.
Colhe fôlego do ar e nele se camufla quando desce à terra,
esgueirando-se pela água que não molha e pelo fogo que não
queima.
O espírito desarmado que não traz inimigo e também não põe
azul sobre azul.
Fala com os olhos e pela mente se expressa em sonho, mas
adormece os sentidos na vigília.
Renova suas feições da terra e confunde como fogo amigo.
Testemunha a água de lágrimas assustadas e o ar gentilmente
abanado pelas preces murmuradas.
O espírito anacrônico que não deixa seu nome entrar num
livro azul e o abandona numa lápide.
Zela pelos que ficaram e dele não se sabe o que se espera,
mas a ele mais se pede do que se tem para dar.
Materializa-se como vapor de água que não pode ser bebida
pela terra.
Desaparece como o fogo da vela que se extingue com o aroma
de incenso que esteriliza o ar.
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