Solto palavras sem nexo,
Que voam no dorso do vento para destino incerto,
Talvez em busca do branco do papel,
Para nele se tornarem frases de amor;
Só sei que elas, agora nada me dizem,
São retalhos do tempo passado
E que se querem afirmar no tempo de agora,
Talvez na ilusão de que mudarão algo
Neste mundo, sem palavras de amor,
Mas de acções de guerra, sem palavras;
Diálogos que se perderam nas vontades
E se tornaram frios nas inimizades;
Palavras, sem rosto, nem expressão,
Na frieza do papel em que estão inseridas,
Que só serão sinceras e carinhosas,
No abraço amigo, apertado e fraterno;
Palavras ditas olhadas nos olhos,
São palavras afectivas, sem serem escritas!
Espero pois, que as minhas palavras
Que voaram com o vento,
Tenham chegado a um bom porto
E encontrado o papel e a cor da paz e alegria;
Se assim acontecer, as minhas palavras
Antes sem nexo,
Serão palavras de profundo amor.
José Carlos Moutinho
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