No ano de 1864, na cidade de Porto Alegre, no Estado do Rio
Grande do Sul, aconteceu um crime que marcou a cidade. Antigamente, havia uma
rua que se chamava ''Rua do Arvoredo''. Hoje, é conhecida como Rua Fernando
Machado, localizada no Centro de Porto Alegre.
A Rua do Arvoredo ganhou notoriedade por um episódio
insólito: o crime do século XIX, história macabra de um açougueiro que,
auxiliado por sua mulher, esquartejava corpos humanos transformando-os em
linguiça.
O açougueiro José Ramos, um homem elegante e viajado, que
frequentava as casas de ópera da cidade e tinha excelente gosto musical, fazia
sucesso entre a população com a venda de linguiças que ele e a mulher, Catarina
Palse, preparavam.
O que ninguém sabia é que o ingrediente principal da
referida iguaria era a carne das vítimas do casal, seduzidas pela promessa de
uma noite de luxúria com Catarina.
No matadouro disfarçado de alcova, as vítimas eram
distraídas com conversa inebriante e recebiam boa comida e boa bebida - além de
um golpe certeiro de machadinha desferido por Ramos.
Com a ajuda do amigo e funcionário Carlos Claussner, o
açougueiro Ramos degolava, esquartejava, descarnava, fatiava e guardava as
vítimas em baús, moendo-as aos poucos e transformando-as nas famosas linguiças,
consideradas as melhores da cidade, que eram vendidas em seu açougue na Rua da
Ponte ou Rua do Arvoredo (hoje Rua Riachuelo).
Mas a policia começou a desconfiar da origem da linguiça
após o desaparecimento do menino José Ignacio de Souza Ávila que, na época,
tinha 14 anos.
O crime foi desvendado pelo cachorro farejador do menino,
vítima do açougueiro. Depois do sumiço do garoto o seu cachorrinho preto ia lá,
todos os dias, e ficava parado na porta do açougue até, também, sumir de
repente.
Desconfiados, os policiais um dia invadiram o
estabelecimento e descobriram pedaços de corpos de inúmeras vítimas. O casal
foi preso e levado para uma delegacia.
Ao tomar conhecimento dos crimes, a população tentou invadir
a delegacia, atirando pedras. A polícia respondeu com tiros para o ar. Aquele
dia foi muito movimentado para a polícia e para todos os moradores da cidade.
Quando interrogados, os assassinos confessaram que Claussner
também havia sido morto e transformado em linguiça.
Após serem julgados, José Ramos foi condenado a pena de
morte na forca. Mas o imperador Dom Pedro II voltou atrás, e deu a pena de
prisão perpétua. José Ramos veio a falecer na cadeia em 1893.
Catarina Palse recebeu a pena de 20 anos, que foi reduzida
para 13 anos, sendo depois considerada louca e internada em um hospício.
Logo após ser solta, no ano de 1888, Catarina foi encontrada
morta na esquina da Rua da Praia no centro de Porto Alegre.
Quando os crimes da rua do Arvoredo foram descobertos , o
acontecimento chocou, profundamente, os cerca de 20 mil habitantes da cidade.
Apesar do escândalo, os crimes foram ignorados pela imprensa
da época. A história repercutiu apenas nos jornais da França e do Uruguai.
Acredita-se que o caso tenha sido abafado porque a população
da cidade queria esquecer que Porto Alegre tinha sido transformada, por Ramos,
em um local onde ainda existia a prática do canibalismo.
Mesmo passado mais de um século, o crime ainda é muito
comentado. A população fala que o processo do crime, que foi escrito a mão,
sumiu. Porém o processo está no arquivo histórico do Rio de Janeiro.
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