Não
tenhas nada nas mãos
Nem uma
memória na alma,
Que
quando te puserem
Nas mãos
o óbolo último,
Ao
abrirem-te as mãos
Nada te
cairá.
Que
trono te querem dar
Que
Átropos to não tire?
Que
louros que não fanem
Nos
arbítrios de Minos?
Que
horas que te não tornem
Da
estatura da sombra
Que
serás quando fores
Na noite
e ao fim da estrada.
Colhe as
flores mas larga-as,
Das mãos
mal as olhaste.
Senta-te
ao sol. Abdica
E sê rei
de ti próprio.
De Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário