Wender Montenegro
Não há fronteiras na infância...
Na manhã clara onde o sol,
empinado pelos sonhos
de um poeta-menino,
faz todas as línguas, pardas;
todos os verbos, possíveis,
não há segredos de estado
e a verdade é professada
entre risos machucados.
Não há pátrias nem guerrilhas
quando a vida veste o branco,
sujo de todas as cores...
Mas eis que relincha o tempo!
Este intrépido alazão,
com suas crinas de vento,
leva a inocência a galope
sobre as carnes do arco-íris...
Nos telhados da libido
galos e dentes-de-leite
tocam clarins: ao sol posto,
sobre um tapete vermelho,
a menarca e seus mistérios...
E a boneca – companheira
da inocência – em abandono,
parece acenar “adeus!”:
Vênus de Milo da infância.
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