terça-feira, 22 de outubro de 2019



"Na música, se 66 foi o ano do folk e 67 o da psicodelia, 68 foi o da distorção. E naquele tempo distorção, dissonância, barulho significavam rebeldia. Pela primeira vez, a guitarra, a princípio um mero violão eletrificado, revelava todo o seu potencial, não apenas sonoro, mas também performático: sendo quebrada, jogada, incendiada, lambida, tocada de costas, com os dentes... Claro que isso vinha de longe, passava por Les Paul e Chuck Berry, mas foi em 68 que atingiu a sua máxima expressão. Todavia, no degredo onde eu vivera até então, o furacão Jimi Hendrix (e sua contraparte Janis Joplin) passara completamente despercebido. Agora eu me atualizava com Purple Haze (Summertime eu conheceria só mais tarde) e tomava contato com outros, até anteriores, que me passaram igualmente incólumes: Jefferson Airplane, Cream, The Animals, The Doors... Fruto dessa linha evolutiva, no final do ano surgiria Led Zeppelin – mas este eu só viria a conhecer nos anos 70."

Otto Leopold Winck. in "Que fim levaram todas as flores"

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