"Na música, se 66 foi o ano do folk e 67 o da
psicodelia, 68 foi o da distorção. E naquele tempo distorção, dissonância,
barulho significavam rebeldia. Pela primeira vez, a guitarra, a princípio um
mero violão eletrificado, revelava todo o seu potencial, não apenas sonoro, mas
também performático: sendo quebrada, jogada, incendiada, lambida, tocada de
costas, com os dentes... Claro que isso vinha de longe, passava por Les Paul e
Chuck Berry, mas foi em 68 que atingiu a sua máxima expressão. Todavia, no
degredo onde eu vivera até então, o furacão Jimi Hendrix (e sua contraparte
Janis Joplin) passara completamente despercebido. Agora eu me atualizava com
Purple Haze (Summertime eu conheceria só mais tarde) e tomava contato com
outros, até anteriores, que me passaram igualmente incólumes: Jefferson
Airplane, Cream, The Animals, The Doors... Fruto dessa linha evolutiva, no
final do ano surgiria Led Zeppelin – mas este eu só viria a conhecer nos anos
70."
Otto Leopold Winck. in "Que fim levaram todas as flores"
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