Nunca se sonhou tanto. Nunca se ousou tanto. O céu estava ao
alcance das mãos, o paraíso na próxima esquina: uma sociedade livre da opressão
do capitalismo decadente, mas também sem os vícios da burocracia soviética. O
caminho? A imaginação no poder. Ora, sejamos realistas: exijamos o impossível.
Em vista disso, alguns pegaram em flores. Outros pegaram em armas. Fumaram
maconha, viajaram de ácido, caíram na estrada. Houve quem nunca voltasse. Houve
também quem, ao voltar, renegasse o passado. Tempos intensos, tempos insanos,
de sonhos insones... O duro foi acordar no dia seguinte, amadurecer, tornar-se
adulto. Afinal, a utopia não veio e o passado virou um pôster do Che – ou do
Lennon – na parede. É sobre isso este romance. É por isso que Ruy, o narrador,
escarafuncha os escaninhos da memória. Para contar a sua história, a história
de Adrian e a história de Elisa, suas duas grandes paixões, que se confundem à
história dessa época lírica e trágica. Mas sobretudo para buscar uma resposta,
um fiapo de resposta que seja, a essa pergunta: que fim levaram todas as
flores?
OLW
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