terça-feira, 22 de outubro de 2019


Nunca se sonhou tanto. Nunca se ousou tanto. O céu estava ao alcance das mãos, o paraíso na próxima esquina: uma sociedade livre da opressão do capitalismo decadente, mas também sem os vícios da burocracia soviética. O caminho? A imaginação no poder. Ora, sejamos realistas: exijamos o impossível. Em vista disso, alguns pegaram em flores. Outros pegaram em armas. Fumaram maconha, viajaram de ácido, caíram na estrada. Houve quem nunca voltasse. Houve também quem, ao voltar, renegasse o passado. Tempos intensos, tempos insanos, de sonhos insones... O duro foi acordar no dia seguinte, amadurecer, tornar-se adulto. Afinal, a utopia não veio e o passado virou um pôster do Che – ou do Lennon – na parede. É sobre isso este romance. É por isso que Ruy, o narrador, escarafuncha os escaninhos da memória. Para contar a sua história, a história de Adrian e a história de Elisa, suas duas grandes paixões, que se confundem à história dessa época lírica e trágica. Mas sobretudo para buscar uma resposta, um fiapo de resposta que seja, a essa pergunta: que fim levaram todas as flores?

OLW

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