precisei dar um grito microfonado
precisei pular sem pára-quedas
precisei beijar o sapo, decretar feriado
descabaçar futuras Medéias
jogar contra a parede potes de geléia
desmiolar as ideias
e ficar muda pra ter papo
precisei matar com tiro
frequentar retiro
se tem que tirar calcinha, eu tiro
sutiã, anéis, brincos, meias
eu fui loba nas luas cheias
frequentei quartéis, mocós, motéis, mosteiros
trepei ao mesmo tempo com os Sete Anões
e os Três Mosqueteiros
e com todos os guerreiros medievais
e com todas as torcidas dos futebóis
em troca de duas notas de dez reais
e alguns goles de café preto
sim, eu fui o que você quiser
e poucas vezes tive medo
eu poucas vezes tive medo
quando provoquei porrada
cheirei bucetas e cocaínas
como fosse a fada alada
mergulhada no esgoto, recebendo arroto
gozada em todos os buracos
me cortei com gilete, com caco de vidro
me queimei com charuto e gostei, não duvido
porque eu amei, eu amei, eu amei os mais putos
e por isso agradeço, como quem agride, agradeço
e ardo, ardo como quem aguarda, eu ardo
Luiz Felipe Leprevost
Nenhum comentário:
Postar um comentário