domingo, 2 de abril de 2017

A NOITE DOS VIOLINOS


A noite dos violinos e a dor
nos dedos crispados
quem decifrará o voo da gangrena
na pele do eterno?
A mulher pisa os cacos de vidro
vai deixando um rastro de sangue pelo caminho
a sarça ardente dos pulmões sopra uma língua de fogo
a palavra cavalga um cavalo de luz
As tetas da memória acesa
alimentam as crianças das veredas perdidas
o meu sêmen fertiliza a terra
O silêncio de Deus move as pedras
caminho no bosque dos eucaliptos
com uma tocha acesa nos olhos

José Carlos Brandão

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in O silêncio de Deus, 2008

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