Noite se insinua, pede olhos de coruja.
Obedeço e sou outra de suas criaturas.
Alma noturna, que às trevas se mistura.
Sono entreva, até parece que enferruja.
Sob o negro manto a palavra estremece.
Os versos vêm em sucessão de arrepios;
atos reversos de minha mão em desvario.
Em linhas de frêmitos a compulsão cresce.
E o poema nasce congênito da escuridão.
Expurga seu dilema de sombra em vigília.
Entre seres sonâmbulos é farol que brilha.
Feito um sol, ao negror a poesia diz não.
Rosemarie Schossig Torres
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