terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Alma noturna




Noite se insinua, pede olhos de coruja.
Obedeço e sou outra de suas criaturas.
Alma noturna, que às trevas se mistura.
Sono entreva, até parece que enferruja.

Sob o negro manto a palavra estremece.
Os versos vêm em sucessão de arrepios;
atos reversos de minha mão em desvario.
Em linhas de frêmitos a compulsão cresce.

E o poema nasce congênito da escuridão.
Expurga seu dilema de sombra em vigília.
Entre seres sonâmbulos é farol que brilha.
Feito um sol, ao negror a poesia diz não.

Rosemarie Schossig Torres


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