Naquela manhã o sol nascera tímido, a brisa apresentara-se
amena, árvores desfolhadas mostravam sua beleza e os Ipês douravam a paisagem.
Jacatirões e Manacás da Serra, floresciam em explosão e
raros perfumes, paparicados com os circulantes voos de borboletas multicolores.
Os campos floridos de diversas espécies de pequeninas flores
coloriam e encantavam o cenário incomum.
Os habitantes respiravam os leves ares da estação.
Da ermida o badalar sonoro dos sinos anunciava a primeira
santa missa dominical.
As andorinhas revoavam entre as torres da igrejinha e
pousavam nos fios elétricos ainda umedecidos pelo orvalho.
O padre devidamente paramentado dava início ao santo ofício.
Meus pensamentos entorpecidos levaram minha alma ao
passado... estava muito distante, no nosso quintal, brincando de roda contigo e
com as crianças.
Em dado momento voltei à realidade: “Olhai os lírios do
campo, como são belos, eles não trabalham e nem fiam. No entanto, nem Salomão
em toda a sua gloria não se vestiu como qualquer um deles.”
A mente bloqueou novamente e senti alguém me conduzindo pela
mão... então ouvi as amargas palavras: - convido os fiéis a conduzirem o caixão
funerário à sua última morada.
Seguindo o féretro, as pessoas murmuravam frias e inaudíveis
orações.
O canto triste de um sabiá parecia dar-te o último adeus.
Eu e nossos filhos estávamos velando por ti neste triste
belo dia.
Estavas vestida de flores, ainda era inverno em nossos corações,
mas tu sorrias iluminada, envolta de primavera.
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