O amanhecer afluiu para a face rija
Soçobrei no álcool feliz do infeliz
Mas não te despertei, vi a ferida que de ti, mija
E indaguei-me emudecido: fui eu quem te fiz?
Enclausuro-me sofrível, na semi-inapetência cerebral
Recordo sem lembrar, não acordo da vida que me mata
Preciso me insular, e soltar meu batedor dessa lata
O hiato acomete-me... A lua melada é percurso vicinal.
Aluado piso no piso rúbido... E é um rio coagulado
Que nem em minha fausta maldade teria imaginado.
Teu corpo incolor... Rígido... Que agora exala fedor...
Descobri-te, e descobri as perfurações que te abri.
Penso em me safar, matei-te foi por te amar.
A forte dor do abandono, de eu, seu dono
Posseiro de minha possessividade...
Anui-me essa agressividade...
Por não suportar de ver-te com outro, dormir seu sono
E eu insano insone, caminho sem par, isso me consome.
Lacônico vai nesse frenesi continuar a perverter
E a obter a pseudo-satisfação de mutilar
Que marido desposa uma esposa para estrangular?
Não há piedade para quem nem se pode se convencer.
Não teve nem a delicadeza de se matar
E a lei ainda te dá respaldo cautelar.
Possui residência fixa, é “réu primário”
Tem a indulgencia da família
Que vive num meio reacionário.
Possui posses... Comandante de outra família.
Não há Maria da Penha para te punir
Mas tenho a esperança, em uma vingança
... Para de este mundo te banir.
POEMA DEDICADO À MEMÓRIA DE UMA AMIGA ASSASSINADA
BRUTALMENTE E IMPIEDOSAMENTE PELO MARIDO, QUE AINDA NÃO FOI PUNIDO.
CHICO DE ARRUDA.
Francisco De Arruda Bezerra
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