sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Mesas do infinito

Que baste a natureza ser tão crua
Que ao desfolhar a vida, ainda a intime
A mendicância, ao pálido da rua
E se surpreenda frente ao próprio crime

O primitivo mar, desde a origem,
Na convulsão da mágoa se o sol vai,
Põe-se a chorar. E a boca, espuma virgem
Bate nas pedras a gritar: - Meu pai!

Por mais que implore alívio do flagelo;
Um condenado a ver somente o dia,
O sol nunca ouvirá da noite: Ó belo!

Agora, vês a dor de um eu aflito
Servido à vida numa ceia fria
Como fome nas mesas do infinito.

Eliane Triska


Canoas/RS

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