Sou contraditória, ouso o
desequilíbrio, me permito o naufragar e o reconstruir. Transformo o mergulho em
criação e penetro, mais uma vez, no sortilégio da poesia.
Guardo a ternura desaproveitada e
abro olhos assombrados à vida que me reclama. Desse desequilíbrio nasce talvez,
a única grandeza que eu possa ter, no âmbito do que faço.
Metade vôo e metade racionalidade,
reconstruo – principalmente - a mim mesma à cada dia. Nunca sei apenas da
racionalidade sem me perder no imaginário que potencializa criação e mudanças,
como o cheiro das plantas molhadas pela chuva que acabou de cessar, a televisão
a falar de crimes e terror, o canto de um pássaro desconhecido aqui no meu
quintal.
Paro o trabalho no computador e
vou lá fora conversar com o pássaro.
©Jade Dantas
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