segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

DESTINO E VERTIGEM



Felicidade
não é nunca haver dor.
Felicidade é às vezes
noites insones, dentes rangendo
e um talho na alma.

Felicidade é como se afogar
no próprio gozo,
no próprio oco.

De todos os rios do mundo
os que eu procuro são os que fogem
do mar, os que fogem dos olhos.

Martírio não é destino.
Felicidade não é destino.
Destino é amar
o acaso, o ocaso, os olhos do outro.
Destino é vertigem. Destino é verter-se.

Felicidade é um modo próprio de sofrer, de chorar, de gargalhar...
Me disseram que a felicidade é uma anciã. Mentira.
A felicidade
ainda não nasceu.

Otto Leopoldo Winck

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