segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

OCIDENTE



Volta e meia
este dilema: sigo em frente ou viro à esquina?
Este impasse: prosa
ou poesia?
Vida
ou
arte?

Em verdade,
nascemos cindidos –
desde Sócrates
ou Agostinho: céu e lama, êxtase e fastio.

Volta e meia esta luta:
corpo insone,
mente insana
e esta lua...

E este verso, meu Deus,
que sempre volta, no fim da linha,
ao seu começo,
cheio de ecos
cacos
e tropeços.

Volta e meia,
meia-volta...

(No entanto, do outro lado da rua,
o guardador de carros
não tem dúvida: se não descolar vinte pratas,
dorme na rua.)

Otto Leopoldo Winck, do livro 'Cosmogonias'

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