segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O Irascível.




Este tema tem-me atormentado. Já sabemos que o homem pode ser uma besta. E no íntimo ele é mesmo uma fera. Animal selvagem. Mas nós o conhecemos domesticado, domado, nesse estado que chamamos de civilização. Por isso recuamos assustados ante as explosões de seu temperamento. Ele é capaz de promover guerras, matar parentes, entrar em uma escola e atirar em crianças desprotegidas. É passível de, a qualquer momento, ter o seu dia de fúria. Se caíssem de vez as correntes, os ferrolhos, as máscaras das cadeias da ordem legal, se a anarquia rebentasse, então veríamos a face oculta da fera-homem.
A organização da sociedade humana oscila como um pêndulo entre dois extremos, dois pólos, dois males opostos: o despotismo e a anarquia. Quanto mais se afasta de um, mais se aproxima do outro. Surge então, explicações que nada explicam e o pensamento que o justo meio__ e aqui se lê demokratia __ seria o ponto conveniente: que erro!
Em toda parte e o tempo todo, tem havido grande e sangrento descontentamento contra os governos, as leis e as instituições públicas. Protestos e banhos de sangue na Europa, no Islã e mesmo por aqui nas Narco-Nações, este descontentamento é visível. Mesmo entre os seres da mesma casta, isso é fato. Não nos suportamos mais e é por isso, que nos trancafiamos cada vez mais em nossas pequenas redes comunitárias, telas e teclados, acreditando termos à nossa disposição um mundo mais harmonioso e feliz. Mentira! Isso é o resultado de estarem sempre dispostos a torná-los responsáveis da miséria inseparável da existência humana, pois tem por origem, segundo o mito, a maldição que feriu Adão e com ele toda a raça humana. Contudo essa tendência de redução, jamais fora explorada de modo tão sórdido, mentiroso e imprudente do que pelos nossos demagogos contemporâneos tecnocratas. As misérias colossais são coisas do Estado que o homem criou e a ele delega toda a responsabilidade do fim da vida e do mundo. Desse mundo que conhecemos, e que não se cansam de anunciar em frases de efeitos, pomposas e enfáticas.
Na verdade, o que resta é esse ser, perdido e desorientado, seguindo as “tendências”, as modas, os padrões e o 1984 de Orwell. Um homem irascível.

Paulo de Tharso

Carlone Machado




Ser
o
Sol

Lh´esfera
Um
Jacto
Se luzes

No
Sonho
Algo
S´incandece
  Carlone Machado

aurora boreal -
casinha no meio do nada
mas que verde.
Regina Bostulim

INAPAGÁVEL APEGO

INAPAGÁVEL APEGO

Apesar desta distância que nos tolhe
E da falta de teus braços, que me esfriam
Eu te afago tatuada na memória
E o fogo que respondes acaricia...
Teus olhos sagitais inda me atingem
E me fingem uma anti-última alegria...

Altair de Oliveira 


in. O Lento Alento
Anjos tocam
harpas e saltérios
Anjos
são sinceros

As vezes.. tocam banjos!


De Reinaldo Oliveira

um diz drummond deus, outro que não pode pum de gertrudes, nem jornal, nem chão, outro que não pode foto de galo em página de poeta, outro que entre poetas um escândalo é mais escandaloso ainda, outro que não sabia de nada, outro que o pum da gertrudes é deus, outro que precisa de pedestal, outro que não se pode desdenhar a poesia, outro que julga os poetas pelo uso das verbas públicas, outro que é preciso decoro, outro que se acha mais digno do que todos, outro que diz que basta ser drummond, outro que basta ser oprimido, outro que poesia só com foda, que falta foda, que a poesia não fode, outro que é preciso saltar do precipício, outro que posta foto com mortos, outro como eu que enche o saco da galera postando poemas a esmo.
 
Ricardo Pedrosa Alves