" O trabalho de tradução de um poema deve levar em
conta o sentido do poema, os efeitos sonoros, a métrica, as rimas, o jogo de
palavras, os trocadilhos, os duplos sentidos, as polissemias e ainda procurando
obter um efeito poético vivo equivalente na outra língua.
A tradução tem muito de malabarismo, ou melhor, de caminhar
na corda bamba. Você se arrisca a escorregar e cair a cada passo e, mesmo que
tenha conseguido chegar quase ao extremo da corda (ou do texto), o escorregão é
sempre um desastre, a queda uma escoriação no seu ego. Talvez seja por isso que
os tradutores temem, em especial, os falsos amigos - essas palavras que nos
parecem familiares, iguaizinhas às nossas, mas que, na verdade, constituem uma
tremenda casca de banana no caminho do escorregão. "
Ivo Barroso, tradutor e poeta.