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terça-feira, 12 de novembro de 2019

POVO DO ENTORNO





Penso com o sangue colorido de vinho,

Talvez somente mais um caminho, adivinho.

A alma leve como uma placa de aço

Dilato corpo e mente, como faz o espaço.



Na cidade sinto a chorumela da noite,

Sigo e agradeço ao Senhor, esse meu açoite.

Mães relapsas e filhos choram ao seus lados

Entregam-me seus fardos, definem meu estado.



Eu decidi por ser sujeito inconseqüente,

Liberar quem quer que seja, no inconsciente.

Comecei devagar bebendo querosene

Nada me afeta, nem a polícia e sirenes.



Penso e me preocupo sempre mais de uma vez,

Usar o coquetel molotov, que comprei.

Risco um fósforo para evadir logo após.

E fumo um cigarro com classe, sem suor.



Sussurros, pulsões do desejo que me fala,

Favor, mais uma dose, ah... porque não me mata.

Plenitude de poder parar, desmaiar.

Não quero me aprender, para não me ensinar.



Porque tudo nunca foi e será bem bastante,

Não há retorno para o tempo, nem instante.

De proteção vestirei hoje o mesmo adorno.

Eu e muitos outros somos sim, povo do entorno.

Eduardo Ribeiro

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

COMPROMISSO




Um anjo dava cabeçadas no pote de vidro fechado.
Resolveu cerrar suas asas.
Queimou suas penas.
Túnica,
Sandálias
Auréola e
Cruz
Carregou como Sísifo.

Deixou a barba e as unhas crescerem.
Tornou senhor do seu cárcere.
Dono dos bichos.
Degraus,
Céu
Senhor e
Paraíso
Enxergou um abismo.

Descobriu onde deixar suas fezes.
Conheceu a rotina do mundo.
A volúpia da fuga.
Alma,
Corpo,
Paixão e
Ódio
Entregou na sacristia.

Perguntaram-no se trazia o filho.
Indicou seus restos angelicais.
Exitou ao ver o incêndio.
Órgãos,
Tripas,
Pele e
Coração
Ofereceu à família.

Eduardo Ribeiro

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

RENASCIMENTO



Encontro com minhas dúvidas durante o sono,
Nesse sono de cada noite que se chama sonho.
Erradico diariamente todas as mortes do meu dia,
Para cada assunto da morte surgido com a vigília.

Dúvidas não isentam qualquer forma humana,
Nessa condição humana que se mostra insana.
Durante o sonho posso antecipar as respostas,
Para cada morte que a vigília revela exposta.

Formular dúvidas é um processo mental natural,
Nessa natureza que se situa entre o bem e o mal.
E no sono de cada noite em que sinto que sonho,
Sonho com a resposta correta durante meu sono.


Eduardo Ribeiro

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

OBJETOS DE USO PESSOAL


              
FRAGMENTOS SIMBOLISTAS - REPENTES DE PALAVRAS IGUAIS, A BELEZA DOS TONS MUSICAIS... (pointing my fingers at us all)



O artista deve se despir das insignificâncias pessoais de sua vida.
Assim crêem aqueles que pensam que a arte se separa da vida.
Manter questões pessoais para eles seria criar um melodrama.
Como num passe de mágica se desfaz de tudo o que se ama.
Quem ousaria dizer que não seria mais genuína a arte vivida?
Sabem ou fingem não saber que eles vivem suas insignificâncias.
Mas as questões pessoais encontram saídas pelas reentrâncias.
O melodrama nasce quando não se trabalha as insignificâncias.
Deve-se falar de si quando encontrar o universal e o atemporal.
A obra mostra que o espaço e o tempo não têm nada de igual.


 Eduardo Ribeiro 


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

DILEMAS IMPORTANTES DA VIDA



Continuo um acossado ao pensar na natureza e no homem. Não tenho conserto. Continuarei olhando, eu, morto, no espelho.

DILEMAS IMPORTANTES DA VIDA

Cansei-me de ver meu igual misturando virtude, ética e moral, de acordo com seu bel prazer. Como se os dilemas importantes da vida fossem apenas atributos do ser. Nenhum sujeito atento aos tormentos mundanos passa impune pelos problemas inafastáveis. Afinal, as coisas importantes da vida nos surgem como emblemas indecifráveis.

Eu seria virtuoso porque possuo uma capacidade, uma habilidade qualquer. O que não seria contrário à disposição que me permitiria cumprir bem minhas tarefas, tal como quiser. Ou o poder de julgar aquilo que, na vida, deve ser perseguido ou afastado. Eu sei que nossa coragem interna sempre passa o recado adequado.

Mas a virtude não deveria ser uma potência moral, susceptível de avaliação positiva, para o bem, para o mal. Assim entende os sábios hoje em dia. A virtude seria uma declamação vazia. Dirige-se a nós enquanto sujeito de vontade subjetiva. E esta assertiva, para os acossados pelos dilemas morais, eu jamais entenderia.

Eu prefiro ver os assuntos morais como uma conduta de valor positivo, na qual a virtude estaria inserida. E não conseguiria ficar indiferente às valorações morais incessantemente repetidas. Sou governado pelo juízo do bem e do mal. E sofro com a identificação das minhas condutas em todo santo instante, por sinal. Nietzsche é um senhor sem um jaleco moral.

Mas não sou eu, e sim a ética, que estuda a conduta humana. Qualquer que seja o ponto de vista abordado, a ética é insana. É um fim para o qual devemos nos guiar, mas é também a força que determina nossa direção. Este emblema não tem outro propósito senão me trazer confusão.

Se eu penso tanto no bem, a ética deve ser a realidade perfeita. O bem como perfeição real, que só encontro de forma rarefeita. E se o bem também determina minha direção desde cedo, não posso negar que seria a força e objeto do desejo.

Ao olhar as nuvens fantasmagóricas ao alto vejo que a ética atinge a moral. Olho os desenhos no céu e vejo que Deus não poupou nem a natureza do bem e do mal.

Eduardo Ribeiro              

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

POVO DO ENTORNO




Penso com meu sangue alimentado de vinho,
Que é somente mais um caminho, se adivinho.
Leve tão delgado como uma placa de aço
Dilato meu corpo e mente, assim é o espaço.

Nas ruas percebo os ruídos de uma noite,
Sigo e agradeço ao Senhor, esse meu açoite.
Mães relapsas e filhos choram ao seus lados
Entregam-me seus fardos, definem meu estado.

Eu decidi por ser sujeito inconseqüente,
Liberar quem quer que mais, no inconsciente.
Comecei devagar bebendo querosene
Nada me afeta, nem a polícia e as sirenes.

Penso e me preocupo sempre mais de uma vez,
Usar o coquetel molotov, que comprei.
Risco um fósforo para sair logo após.
E fumo um cigarro com classe, sem suor.

Sussurros, pulsões do desejo que me fala,
Favor, mais uma dose, ah... porque não me mata.
Plenitude de poder parar, desmaiar.
Não quero me aprender, para me ensinar.

Porque tudo nunca foi e será bem bastante,
Não há retorno para o tempo, nem instante.
De proteção usarei hoje o mesmo adorno.
Eu e muitos outros somos sim, povo do entorno.

Eduardo Ribeiro

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

OS MEUS DOIS SÉCULOS



Meu tempo desafinou o presente,
Quem poderá enxergar em frente?
Colar com o sangue duas vértebras?
A coluna e A medula de dois séculos?

O que houve não se repete mais,
Do porvir creio em tempos iguais,
Um sujeito deve caminhar de lado
Para enfrentar dias desarticulados.

Mas sei que se eu mirar o escuro
Probres séculos e espíritos futuros
Verei uma besta que jamais cede
E suas pegadas impressas na terra



 Eduardo Ribeiro               7 de agosto de 2011 
               

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Canto da Imprudência



A cera é do mel da abelha,
A pena é da gaivota do mar,
Fugiremos da grade pelo ar,
Perto o sol, cuida-te: centelha.

Neto de Alcipes, filho de Ares,
Descendência direta de Zeus.
Mas creia em pagãos e ateus.
O Sol é rei sob todos os mares.

Ícaro não suba mais as escadas,
Sou seu pai e sei o que lhe digo,
Sempre tem o ponto sem partida,
Água! Ouvi barulho de suas asas.



Eduardo Ribeiro    

          13 de agosto de 2011

domingo, 30 de dezembro de 2018

ROMANCE




O livro espera ser lido.
A face espera a carícia.
Na gaveta do seu exílio,
O livro é um todo ouvido.

Os dedos vêm sensualmente.
Letras gozam inundadas.
Do papel, bestas e fadas,
Invadem confins da mente.

Dos grafismos para os olhos.
Do verso para os ouvidos.
Neurônios ganham sentidos,
Santa imaginação inglória.

Cílios marejam nas frases.
O espaço dura todo ato.
Livro renasce imediato,
Estória e prosperidades.

 Eduardo Ribeiro Toledo

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Semeadura




No inferno sob terra
Em solo seco, gritei
água; água, água.



Eduardo Ribeiro

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

João Guimarães Rosa - Tutaméia - (Ou "Terceiras Estórias") - Conto "Retrato de Cavalo". (Rosa, João Guimarães; Ed. Nova Fronteira, 5a ediçâo, Rio de Janeiro: 1985; pgs. 146 a 150.)

Análise:

"Dai, pois, como já se disse, exigir a primeira leitura paciência, fundanda em certeza de que, na segunda, muita coisa, ou tudo, se entenderá sob luz inteiramente outra." Schopenhauer.

A citação a Schopenhauer, logo ao início do índice, indica como os mini-contos das terceiras estórias devem ser (re)lidos. Se um romance não se faz apreendido integralmente em única leitura, tampouco mini-romances como os constantes desse livro, idem. Embora a preferência deste que vos escreve seja pelas primeiras estórias, especificamente, o conto "A Terceira Margem do Rio", há aspectos interessantes no conto objeto acima.

A surpresa que nos traz o conto é que o cavalo mencionado é tão personagem como os outros três criados: Bio, Iô Wi e sua namorada.

Bio, o protagonistra principal, é idiossincrático e genuíno como os seres da humanidade: "um retrato é pior do que mau-olhado (p. 148)"; longe de representar superstição, como muitas das análises consideram atributos do protagonista.

Afinal, o casamento de Iô Wi e sua namorada, não só representa, sem supertisções, a estória de um passado enamorado, como a incerteza de um matrimònio futuro. Falar-se-ia de um tempo único, mesclando passado, presente e futuro, por meio de abstrações sobre um retrato.

É nítica a crítica ao método científico Cartesiano. Descartes propõs a realidade em um nível dualístico ("res cogitans" e "res extensa"; respectivamente, mente e matéria). Neste conto, Guimarães Rosa, ao mesclar figuras-objeto por meio da linguagem, dá vida à "res extensa" tranformando-a em "res cogitans": como, por exemplo, "Cavalo de terrível alma!" - p. 149).

Assim, o cavalo que Bio montava, cavalo este adquirido de Nhô Moura, era aquele da sua imaginação, autêntica "res cogitans". Mas, ao final do conto, há o que de melhor oferece o autor aos seus leitores.

Há a morte de (supostamente) dois cavalos e duas idéias às tais mortes associadas. Haveria uma morte do cavalo imaginário de Bio: "cavalo tão cidadão (p. 149)"; logo "res cogitans"; e as ações de Nhô Wi indo em direção oposta. De propósito, para inserir o leitor nesta mescla de objeto-sujeito. E surge a narrativa final. Nhô wi faz traz a confusão ao enredo.

Diz Nhô Wi (da verve "res extensa"), para surpresa: "Você Bio enterrou seu Lirialvo"; "Bio você quer o retrato?"; e "Bio, a gente nunca se esquece..." (pgs. 149).

Eduardo Ribeiro Toledo


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

SONETO AO LEITOR

    
A ignorância, o pecado e a tolice me irritam.
Respiro fundo e eles dentro ardem e crepitam.
Aos pulmões trago um ar impalpável da tarde,
Como os remorsos que nos espíritos habitam.

Nunca confessamos a ilusão que amordaça.
Às tramas da mentira retomamos a estrada.
Sorte dos mendigos que exibem sordidez,
Sonhamos alegre que a nódoa se desfaça.

E assim seguimos alquebrados e ofegantes,
Já dos olhos e força do Amor tão distante,
Como os símios com suas caretas ao destino.

Caras e guinchos atrozes do armagedon,
Você Leitor é tão hipócrita quanto irmão,

Não lança nem um grito presse desatino.

Eduardo Ribeiro  

sábado, 16 de setembro de 2017


Versos sobre formato da teoria literária. Composto a partir de trabalho concretista de Adriano Nunes, que formulou tercetos com as últimas sílabas tônicas dos sonetos de Bocage (Alma - Arte). Tais últimas sílabas poéticas, em exercício, geraram logos, ritmos/sons e imagens. Quem conhece o formato literário do ensaio sentirá a crítica inerente. A nota do Adriano Nunes "Ao Fim" encontra-se aqui.



 Eduardo Ribeiro Toledo         

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

DESOBJETO OU A ANTIMATÉRIA




No meio do quintal acima do varal tinha um belo pente,
O pente no quintal se esforçava para não ser belo pehte.
Estava próximo de ser apenas folha dentada for formigas.
Junto com caramujos, todos oa sapos e as suas queridas.
Bactérias e o tempo roeram sua vísceras e esse estrupício.
Mas quem pode afirmar que o pente é um organismo vivo?

Faltrava ao pente coluna vertebral, costelas e uma medula.
Não se poderia dizer que o objeto era um pente ou medusa.
Grampos deram local a cachos de cores meio vede musgo.
Cães e moribundos aproveitavam e mijavam no lusco fusco.
Parecia que o pente perdera sua personalidade e desobjeto.
Nem as carolas sentiam falta de um calafrio, tesão ou afeto.

O poeta destro deparou com a cena e viu o estágio terminal.
O pente nem se quisesse poderia passar como objeto tal.
Já estava incorporado ao universo como partícula, átomo.
Ou então dizem os poetas rio, osso, montanhas, ou lagarto.




 Eduardo Ribeiro Toledo            

sexta-feira, 25 de agosto de 2017


Ocaso de perder asas
Primavera deseja orvalho

Insetos anunciam chegada

Eduardo Ribeiro Toledo