Penso com meu sangue alimentado de vinho,
Que é somente mais um caminho, se adivinho.
Leve tão delgado como uma placa de aço
Dilato meu corpo e mente, assim é o espaço.
Nas ruas percebo os ruídos de uma noite,
Sigo e agradeço ao Senhor, esse meu açoite.
Mães relapsas e filhos choram ao seus lados
Entregam-me seus fardos, definem meu estado.
Eu decidi por ser sujeito inconseqüente,
Liberar quem quer que mais, no inconsciente.
Comecei devagar bebendo querosene
Nada me afeta, nem a polícia e as sirenes.
Penso e me preocupo sempre mais de uma vez,
Usar o coquetel molotov, que comprei.
Risco um fósforo para sair logo após.
E fumo um cigarro com classe, sem suor.
Sussurros, pulsões do desejo que me fala,
Favor, mais uma dose, ah... porque não me mata.
Plenitude de poder parar, desmaiar.
Não quero me aprender, para me ensinar.
Porque tudo nunca foi e será bem bastante,
Não há retorno para o tempo, nem instante.
De proteção usarei hoje o mesmo adorno.
Eu e muitos outros somos sim, povo do entorno.
Eduardo Ribeiro
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