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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Outros silêncios

EVOÉ LAROIÊ PIVA

 no ventre paulistano

 um MASP rachado

brinca de ser menino

de apunhalar as praças



memória devorada por suas tripas

templos & centopeias

 cidade & anjos engraxates 

 nos lábios jogos noturnos 

a porta & suas locomotivas 

sinto as torres & o relógio sem nuvens

 & o choque do cérebro 



 adormeço 



 – o suspiro da carne – 



 o girassol rói os olhos da morte 



 como atravessar espelhos se na vitrola 

 sugadora de desertos 



 os ponteiros se dissolvem 



o tempo abre a janela de Breton 


o abismo se imagina poeta. 


 de José Geraldo Neres Neres



Outros silêncios

(...) Dança de símbolos na eterna busca do homem que um dia poderei ser.
 Corpo dividido, dispersando-se na medida que leio o que escrevo.
 Eu não existo aqui mesmo. O poema mal sabe de mim. 


(Outros silêncios, de José Geraldo Neres). 

Axé!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

É CORPO

a carne grita
estremece embaixo d’água
é corpo - corpo no meu corpo -
a queda ergue templos & minutos sem medo
peso - meu peso - corpo
a memória é o abajur da sua carne

José Geraldo Neres
in Outros Silêncios


“em você todas as noites cantam de uma só vez”

(versos do poema RAÍZES DA TERRA SONOLENTA)
José Geraldo Neres in Outros Silêncios

sábado, 26 de setembro de 2009

Abro a Porta

ABRO A PORTA
uma pedra retorcida
bate o tempo em segredo

a leveza não apaga a infância

janelas seminuas partem de mim
escrita no interior do rio

desce

na margem esquerda Oxum canta

tempo pintado na presença do avô
café poesia
círculos de silêncio
o vazio da retina
no tique-taque do menino

o poema em repouso não faz perguntas

– tem alguém batendo dentro do espelho –

chora a criança
caída no detalhes do medo

nenhuma voz me canta


José Geraldo Neres
outros silêncios, escrituras editora, 2009.