Diz o crítico José Castello que vivemos num tempo de queixa sobre
depressão em consultórios. E as queixas sobre depressão são
concomitantes com a busca pela felicidade instantânea. o miojo-prozac,
capaz de matar a fome e problemas psíquicos. O que se disfarça em
nosso tempo que busca a formula de felicidade é que viver é uma
experiência angustiante por causa de nossa precariedade humana.
O poeta acredita que a vida é um pouco melhor porque escreve. Porque
mergulha em sua angústia. Ele fala a todos os homens de sua dor (que é
de náo ser um deus) , ao mesmo tempo quando cria tem a ilusão de ser
deus. Mas será um deus muito pequeno enquanto não tiver descido à
Terra ou viver no mundo da miragem.
Cito um excerto de um texto que li , retirado do site de uma
clínica psiquiátrica: "Depressão é normal. A preocupação ou mesmo o
desespero da pessoa sobre se a sua vida vale a pena ser vivida é uma
angústia existencial, mas de forma alguma uma doença mental.
Depressão ainda é o Grande Inimigo. Mais energia pessoal é gasta nas
defesas maníacas contra, desvio de, e negação da depressão, do que é
utilizada em todas as outras supostas ameaças psicopatológicas contra
a sociedade como a psicopatia criminal, a esquizofrenia e a adicção.
Mas, é através da depressão que entramos nas profundezas, e é nas
profundezas que descobrimos nossa alma.
Citando Carl Jung:
[ Nós não devemos tentar 'eliminar' uma neurose, mas tentar vivenciar
o que ela significa, o que tem a ensinar, qual é sua finalidade. Nós
devemos mesmo aprender e ser gratos a ela, pois, do contrário, nós
passaremos ao largo dela e perderemos a oportunidade de conhecer-nos
como realmente somos. . . Uma neurose é verdadeiramente removida
somente quando é removida a falsa atitude do ego. Nós não a curamos -
ela nos cura. Uma pessoa está doente, mas a doença é a tentativa da
natureza de curar essa pessoa.]
[ comentário babaca: muito bacana. É preciso conhecer muito sobre a
própria doença para se curar. A melhor cura é auto-cura e o melhor
conhecimento o auto-conhecimento. Não existem deuses nem gurus nem
drogas fabulosas].
A causa final de uma neurose é algo positivo que precisa ser
salvaguardado para o paciente; do contrário ele sofre uma perda. . , e
o resultado, na melhor das hipóteses, é uma cura incompleta."
Anti-poesia é considerar que a tristeza não faz parte da vida. A
melancolia é própria do ser humano, porque reconhecemos a nossa
precariedade. A necessidade permanente de diversão e entretenimento,
cada dia mais facilitada pela indústria da alienação atenta contra o
senso de privacidade. O que não tem nada a ver com a exaltação do
individualismo. Porque eu sou poeta acho que é exatamente a falta de
espaço dentro de nós (poesia/liberdade) que deixa a maioria das
pessoas doentes.
Marilia Kubota
sábado, 28 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
Atropelamento
O quero quero está quieto.E o pardal castanho não sente a perda.
O pardalito vê apenas as penas do pombo glutão voarem.
O goal do gato ,avoante na boca vermelha de festa do negro gato .
Mas havia um felino no meio da rua , no meio da rua havia...
depois um tapete de pele e tripas sob as rodas da caixa de aço
animal faminto de intestinos de insanidade humana.
Estropiado à margem do rio de vorazes luzes e velozes rugidos,
o cão ganindo, presta homenagem ao seu fiel adversário que faria lustros
naquela mau humorada manhã.Não sobrou nada para comer.
O frio fedia chuva de água empoçada da urbe pálida e moribunda.
O rato saltitava olhos de urina até deixar-se cair numa boca de lobo.
cidade selva dos grandes e pequenos animais de almas limpas ou sebosas
mas todos filhos de adeuses.
Wilson Roberto Nogueira
O pardalito vê apenas as penas do pombo glutão voarem.
O goal do gato ,avoante na boca vermelha de festa do negro gato .
Mas havia um felino no meio da rua , no meio da rua havia...
depois um tapete de pele e tripas sob as rodas da caixa de aço
animal faminto de intestinos de insanidade humana.
Estropiado à margem do rio de vorazes luzes e velozes rugidos,
o cão ganindo, presta homenagem ao seu fiel adversário que faria lustros
naquela mau humorada manhã.Não sobrou nada para comer.
O frio fedia chuva de água empoçada da urbe pálida e moribunda.
O rato saltitava olhos de urina até deixar-se cair numa boca de lobo.
cidade selva dos grandes e pequenos animais de almas limpas ou sebosas
mas todos filhos de adeuses.
Wilson Roberto Nogueira
quarta-feira, 18 de abril de 2012
domingo, 15 de abril de 2012
Encurvado sobre o pensamento
caminha entre as linhas do livro
cai da página e perde sua própria estória.
a partir dos cacos das letras órfãs de sentido
monta uma bengala e caminha na escuridão.
Sente com o calor de novas luzes a melodia
das possibilidades.
O abismo não mais o assusta .
Wilson Roberto Nogueira
caminha entre as linhas do livro
cai da página e perde sua própria estória.
a partir dos cacos das letras órfãs de sentido
monta uma bengala e caminha na escuridão.
Sente com o calor de novas luzes a melodia
das possibilidades.
O abismo não mais o assusta .
Wilson Roberto Nogueira
A flor que irei depositar no seu túmulo
tem uma pétala a mais.É um pedaço
de mim mesmo!
Ah, se eu fosse poeta...
Nos maus lábios haveria sempre uma
estrofe
E eu a entregaria ao pássaro para que
fosse levá-la a um preso
E depois pediria à ave que
transportasse o meu carinho
ao pai moribundo que sofre numa
cama e que fosse dizer
Ao Pai doente e a todos os Pais que eu
canto por eles.
O meu canto é como a prece, pois
Deus, também, é Pai !
Osmann de Oliveira
tem uma pétala a mais.É um pedaço
de mim mesmo!
Ah, se eu fosse poeta...
Nos maus lábios haveria sempre uma
estrofe
E eu a entregaria ao pássaro para que
fosse levá-la a um preso
E depois pediria à ave que
transportasse o meu carinho
ao pai moribundo que sofre numa
cama e que fosse dizer
Ao Pai doente e a todos os Pais que eu
canto por eles.
O meu canto é como a prece, pois
Deus, também, é Pai !
Osmann de Oliveira
Além daquele cadáver de mulher estirado na calçada.Com três buracos na blusa imunda.Nenhum outro gritou mais alto do que os tiros nos olhos da madrugada.calçadas de pedras soltas bebem o drink rubro daquela história banal.Um flash espoucando nas luzes dos olhos da cidade.Trocaram o verde das matas pela urbe de concreto e sangue de suas cicatrizes .
Wilson Roberto Nogueira
Wilson Roberto Nogueira
sábado, 14 de abril de 2012
Navego na nau do lamentoso pensamento de ti
Ceras a vedar ouvidos não podeis entrar.
Amarrado por cordas qual aço ao mastro da ambição
braços de vã vontade castrada de naufrago na fenda da bela consorte
a minha morte.
A bela morte a transar em parcelas ou na explosão a procela
Qual o sentido da vida ? Tal não é a pergunta que ora lasso de misérias
Musas filoflanantes falsas sandias opiam prazeres enquanto mastigam
corações, veias e sensações.Prazeres devora culta traça livros de estórias .
Vigores fumados tragando liberdades agora ausentes.
Preso no barco cujo leme não domino.
Apenas a nau dos insensatos navegando no vazio da névoa
desta vida de recifes famintos de escombros e saboreando
melodias de sereias a deleitar de mala- suerte os condenados
a voar sem ter asas nas nuvens do ácido oceano do desencanto.
Wilson Roberto Nogueira
Ceras a vedar ouvidos não podeis entrar.
Amarrado por cordas qual aço ao mastro da ambição
braços de vã vontade castrada de naufrago na fenda da bela consorte
a minha morte.
A bela morte a transar em parcelas ou na explosão a procela
Qual o sentido da vida ? Tal não é a pergunta que ora lasso de misérias
Musas filoflanantes falsas sandias opiam prazeres enquanto mastigam
corações, veias e sensações.Prazeres devora culta traça livros de estórias .
Vigores fumados tragando liberdades agora ausentes.
Preso no barco cujo leme não domino.
Apenas a nau dos insensatos navegando no vazio da névoa
desta vida de recifes famintos de escombros e saboreando
melodias de sereias a deleitar de mala- suerte os condenados
a voar sem ter asas nas nuvens do ácido oceano do desencanto.
Wilson Roberto Nogueira
O que sinto não é o sopro da alma de mim fugindo
no silêncio exausto diante do rugido
da vida em seu devir de promessa irrealizada.
Faina de um Sisífo cego no hesitante ruminar
na fronteira de um primeiro caminhar
de pés feitos de ossos de sonhos em pó .Fertilizada
morgue de sóis exangues de chamas a alumiar
de sombras o fogo fantasma parindo
sobras cinzentas de amanheceres sonhados
morejando sal sob capotes celestes.
Wilson Roberto Nogueira
no silêncio exausto diante do rugido
da vida em seu devir de promessa irrealizada.
Faina de um Sisífo cego no hesitante ruminar
na fronteira de um primeiro caminhar
de pés feitos de ossos de sonhos em pó .Fertilizada
morgue de sóis exangues de chamas a alumiar
de sombras o fogo fantasma parindo
sobras cinzentas de amanheceres sonhados
morejando sal sob capotes celestes.
Wilson Roberto Nogueira
Cruz das almas solitárias ceiam sonhos
sabres ceifam a fome de viver
bebendo a gota de vinho da última videira,
que balança antes da tempestade de aço
bebem no beijo das palavras os cordeiros sob a sombra
dos lobos a carne tenra trinchando hóstias
trincando dores ouvindo Wagner
Ardem cedros por testemunhas
e oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue
enquanto a criança chora à sombra da chama
clamando à Morte que vaga sem saber por onde começar.
Wilson Roberto Nogueira
sabres ceifam a fome de viver
bebendo a gota de vinho da última videira,
que balança antes da tempestade de aço
bebem no beijo das palavras os cordeiros sob a sombra
dos lobos a carne tenra trinchando hóstias
trincando dores ouvindo Wagner
Ardem cedros por testemunhas
e oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue
enquanto a criança chora à sombra da chama
clamando à Morte que vaga sem saber por onde começar.
Wilson Roberto Nogueira
A lava da memória em chamas liquidas ocultam-se em pétrea desmemória
na nova rocha ainda quente guarda do invivido o vento do quase acontecido
na nuvem do deja- vu a água ardente que perverte o sonho em um beco sem resposta.
Os passos pesados sobre o espírito afundam na areia do cadáver insepulto de sombras
insilenciadas.
Wilson Roberto Nogueira
na nova rocha ainda quente guarda do invivido o vento do quase acontecido
na nuvem do deja- vu a água ardente que perverte o sonho em um beco sem resposta.
Os passos pesados sobre o espírito afundam na areia do cadáver insepulto de sombras
insilenciadas.
Wilson Roberto Nogueira
Cruz das almas solitários sabres que ceiam sonhos na fome de viver.
Sorvendo gota à gota de vinho da derradeira videira no ósculo da última flor.
Balança a árvore antes frondosa da vida hoje pálido osso da memória
onde se refugiam cordeiros do rugido da tempestade de lobos e da siderea miséria
que corta fundo a raiz da esperança.
O aço devorando a carne tenra da terra trinchando hóstias de pó e palavras
Trincando dores ouvindo Wagner cavalgando valquirias a procura de ouros
no fim de falsos arco-íris .Ardem cedros por testemunhas cobrindo em sombras raquíticas
proles dejetadas de úteros abandonados.
Oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue enquanto ouve-se um choro fantasma a sombra da chama
clamando a morte que vaga ébria e exausta de tanto ceifar.
Wilson Roberto Nogueira
Sorvendo gota à gota de vinho da derradeira videira no ósculo da última flor.
Balança a árvore antes frondosa da vida hoje pálido osso da memória
onde se refugiam cordeiros do rugido da tempestade de lobos e da siderea miséria
que corta fundo a raiz da esperança.
O aço devorando a carne tenra da terra trinchando hóstias de pó e palavras
Trincando dores ouvindo Wagner cavalgando valquirias a procura de ouros
no fim de falsos arco-íris .Ardem cedros por testemunhas cobrindo em sombras raquíticas
proles dejetadas de úteros abandonados.
Oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue enquanto ouve-se um choro fantasma a sombra da chama
clamando a morte que vaga ébria e exausta de tanto ceifar.
Wilson Roberto Nogueira
Abrimos o livro como a uma janela
uma pálpebra que se ilumina a novas luzes
e diante do olhar estranhando o familiar
espelhos estilhaçados sob os pés descalços.
Na busca pela identidade passamos por sombras perpétuas
de Hiroshimas íntimas em sopas de cogumelos.
formas dançarinas da leitura de mundos que sangram
sobre teias elétricas que queimam nosso caminhar.
fragmentos de cristais sem valor eletrizando o nada dos nossos passos.
andamos a esmo, perdidos nessa leitura.
No barro das palavras tentamos construir nossos ídolos e seguimos adiante.
pedaços dessa anatomia de Golem se desprendem na tempestade do desencanto .
Palavras paridas de imagens queimam e evolam-se,reencarnando em nuvens que espalham o sêmen translúcido na relva a sorrir e a tudo presencia a pedra da palavra na pele do sonho.
Voltamos a dormir no desconforto do silêncio inundados de dúvidas que se debatem nas nossas entranhas.Mas tudo são meras palavras que voam sem rumo sobre nossas cercas invisíveis de arame farpado.
Wilson Roberto Nogueira
uma pálpebra que se ilumina a novas luzes
e diante do olhar estranhando o familiar
espelhos estilhaçados sob os pés descalços.
Na busca pela identidade passamos por sombras perpétuas
de Hiroshimas íntimas em sopas de cogumelos.
formas dançarinas da leitura de mundos que sangram
sobre teias elétricas que queimam nosso caminhar.
fragmentos de cristais sem valor eletrizando o nada dos nossos passos.
andamos a esmo, perdidos nessa leitura.
No barro das palavras tentamos construir nossos ídolos e seguimos adiante.
pedaços dessa anatomia de Golem se desprendem na tempestade do desencanto .
Palavras paridas de imagens queimam e evolam-se,reencarnando em nuvens que espalham o sêmen translúcido na relva a sorrir e a tudo presencia a pedra da palavra na pele do sonho.
Voltamos a dormir no desconforto do silêncio inundados de dúvidas que se debatem nas nossas entranhas.Mas tudo são meras palavras que voam sem rumo sobre nossas cercas invisíveis de arame farpado.
Wilson Roberto Nogueira
Noticiário de sempre
I
Que corta e serra,
e jorra o sangue
que não se estanca
e espanta
No noticiário de logo cedo
três tiros de arremedo
perfuram as vísceras do sujeito
Imerso em meio
a linha de combate
II
a cidade se espreguiça, e boceja seu dia
a água ferve para mais um café
o que bonde trafega sem direção...
o jornal é arremessado aos quintais
frescas as notícias de ontem
III
e se dissesse que tudo já foi dito e o resto é infinito e caos
e o nada já é matéria, o momento, o instante fugaz, agora para trás
e o mito já não é mais a caverna, mas a rua, o sangue escorrido
a morte morrida e estampada na primeira página,
a escorrer as vísceras já dilaceradas
e a vida consumida por um disparo
na arquitetura de pólvora e bala
e não há distinção de nada todos são todos, e cada é um,
o que havia era silêncios multiplicados a abismos e retissências
isso que corrói a alma, e a deixa cercada de espinhos numa paisagem perdida
e penso ainda que há algo de belo no trágico
Rafael Walter
Que corta e serra,
e jorra o sangue
que não se estanca
e espanta
No noticiário de logo cedo
três tiros de arremedo
perfuram as vísceras do sujeito
Imerso em meio
a linha de combate
II
a cidade se espreguiça, e boceja seu dia
a água ferve para mais um café
o que bonde trafega sem direção...
o jornal é arremessado aos quintais
frescas as notícias de ontem
III
e se dissesse que tudo já foi dito e o resto é infinito e caos
e o nada já é matéria, o momento, o instante fugaz, agora para trás
e o mito já não é mais a caverna, mas a rua, o sangue escorrido
a morte morrida e estampada na primeira página,
a escorrer as vísceras já dilaceradas
e a vida consumida por um disparo
na arquitetura de pólvora e bala
e não há distinção de nada todos são todos, e cada é um,
o que havia era silêncios multiplicados a abismos e retissências
isso que corrói a alma, e a deixa cercada de espinhos numa paisagem perdida
e penso ainda que há algo de belo no trágico
Rafael Walter
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Viver
Não fui pedra: preferi ser semente.
Registros, rastros, marcas já deixei.
Nesta vida, não fui indiferente.
Nem apenas só passei por aqui.
Chorei, sorri, cantei, sofri, amei...
Por isso posso é que posso dizer: vivi !
Adélia Maria Woellner
Registros, rastros, marcas já deixei.
Nesta vida, não fui indiferente.
Nem apenas só passei por aqui.
Chorei, sorri, cantei, sofri, amei...
Por isso posso é que posso dizer: vivi !
Adélia Maria Woellner
domingo, 8 de abril de 2012
Cruz das almas solitárias ceiam sonhos
sabres ceifam a fome de viver
bebendo a gota de vinho da última videira,
que balança antes da tempestade de aço
bebem no beijo das palavras os cordeiros sob a sombra
dos lobos a carne tenra trinchando hostias
trincando dores ouvindo Wagner
Ardem cedros por testemunhas
e oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue
enquanto a criança chora à sombra da chama
clamando à Morte que vaga sem saber por onde começar.
Wilson Roberto Nogueira
sabres ceifam a fome de viver
bebendo a gota de vinho da última videira,
que balança antes da tempestade de aço
bebem no beijo das palavras os cordeiros sob a sombra
dos lobos a carne tenra trinchando hostias
trincando dores ouvindo Wagner
Ardem cedros por testemunhas
e oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue
enquanto a criança chora à sombra da chama
clamando à Morte que vaga sem saber por onde começar.
Wilson Roberto Nogueira
Mamíferos
Teus olhos lácteos
amamentam
minha fala leitosa
quando te vê
meu olhar desnatado
hesita
lactobacilo um pouco,
mas, mamífero,
degusto tua fala úbere,
sedento
do queijo de teus lábios.
Caibar P Magalhães Jr
amamentam
minha fala leitosa
quando te vê
meu olhar desnatado
hesita
lactobacilo um pouco,
mas, mamífero,
degusto tua fala úbere,
sedento
do queijo de teus lábios.
Caibar P Magalhães Jr
Curitiba
Ó maldita vaso de água podre
figo fervilhante de bichos
ó cedro retorcido de agulhas
hiena comedora de testículos quebrados.
Dalton Trevisan.
n87.GP 150996.
figo fervilhante de bichos
ó cedro retorcido de agulhas
hiena comedora de testículos quebrados.
Dalton Trevisan.
n87.GP 150996.
A lava da memória em chamas liquidas ocultam-se em pétrea desmemória
na nova rocha ainda quente guarda do invivido o vento do quase acontecido
na nuvem do dèja vú a água ardente que perverte o sonho em um beco sem resposta.
Os passos pesados sobre o espírito afundam na areia do cadáver insepulto de sombras
insilenciadas.
Wilson Roberto Nogueira
na nova rocha ainda quente guarda do invivido o vento do quase acontecido
na nuvem do dèja vú a água ardente que perverte o sonho em um beco sem resposta.
Os passos pesados sobre o espírito afundam na areia do cadáver insepulto de sombras
insilenciadas.
Wilson Roberto Nogueira
Cruz das almas solitários sabres que ceiam sonhos na fome de viver.
Sorvendo gota à gota de vinho da derradeira videira no ósculo da última flor.
Balança a árvore antes frondosa da vida hoje pálido osso da memória
onde se refugiam cordeiros do rugido da tempestade de lobos e da sidérea miséria
que corta fundo a raiz da esperança.
O aço devorando a carne tenra da terra trinchando hóstias de pó e palavras
Trincando dores ouvindo Wagner cavalgando valquírias a procura de ouros
no fim de falsos arco-íris .Ardem cedros por testemunhas cobrindo em sombras raquíticas
proles dejetadas de úteros abandonados.
Oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue enquanto ouve-se um choro fantasma a sombra da chama
clamando a morte que vaga ébria e exausta de tanto ceifar.
Wilson Roberto Nogueira
Sorvendo gota à gota de vinho da derradeira videira no ósculo da última flor.
Balança a árvore antes frondosa da vida hoje pálido osso da memória
onde se refugiam cordeiros do rugido da tempestade de lobos e da sidérea miséria
que corta fundo a raiz da esperança.
O aço devorando a carne tenra da terra trinchando hóstias de pó e palavras
Trincando dores ouvindo Wagner cavalgando valquírias a procura de ouros
no fim de falsos arco-íris .Ardem cedros por testemunhas cobrindo em sombras raquíticas
proles dejetadas de úteros abandonados.
Oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue enquanto ouve-se um choro fantasma a sombra da chama
clamando a morte que vaga ébria e exausta de tanto ceifar.
Wilson Roberto Nogueira
sábado, 7 de abril de 2012
A Arca
É sempre bom manter a fé. Arnaldo era evangélico.Estava levando os fiéis para o culto na sua Kombi 87.Apareceu a fiscalização da Prefeitura."Perueiro.Lotação irregular".Quiseram confiscar o veículo .Arnaldo resistia.Outros perueiros apareceram.A polícia veio em seguida.Arnaldo ameaçava."Que o justo atire a primeira pedra."O cabo Novaes foi logo atingido.Fiéis e apedrejados entraram no camburão."Que a ira dos céus caia sobre vós."Veio a chuva.Inundação.A viatura flutuou sobre as águas .Arnaldo e seu povo fugiram a nado para um local seguro.Deus é o maior fiscal.
Vida Bandida.FSP 08/02/01
Soneto à maneira do décimo-sétimo século
Dê-me tua mão , amiga, e ao meu todo
venha do campo ver as verdes lindes
-ainda mais lindas se por elas vindes
e mais ainda se vindes ao meu lado
Ouçamos da floresta que os margeia
a brisa perpassar o chão florido
e num transporte breve o leve ar ido
nos leve em seu alento ao léu, à aleia.
Das sendas derivadas, e à deriva,
à Suma alcemos juntos, às alturas
de um Saber bom que eu sei, musa lasciva
Enquanto achas levo à labareda
e achas leve em teus quadris meu gesto
as Artes eu direi, de Amor, que enleva
As artes eu direi, de Amor, que enreda.
Jacques Mário Brand
venha do campo ver as verdes lindes
-ainda mais lindas se por elas vindes
e mais ainda se vindes ao meu lado
Ouçamos da floresta que os margeia
a brisa perpassar o chão florido
e num transporte breve o leve ar ido
nos leve em seu alento ao léu, à aleia.
Das sendas derivadas, e à deriva,
à Suma alcemos juntos, às alturas
de um Saber bom que eu sei, musa lasciva
Enquanto achas levo à labareda
e achas leve em teus quadris meu gesto
as Artes eu direi, de Amor, que enleva
As artes eu direi, de Amor, que enreda.
Jacques Mário Brand
Do Silêncio
Para o Sábado de Aleluia
Do Silêncio
O segundo dia amanhece
Ouve-se apenas o calar das vozes.
A fúria deu lugar ao pensamento
Divagando pelo vazio da cruz...
Só entre às oliveiras!
O Jardim ainda em botão
Pergunta-se, se volta ao mundo
Indagando ao orvalho o porquê do vermelho.
Pelo chão onde passou o Messias das boas almas,
A brisa que vem do monte responde:
- Ele só queria salvar o Homem!
Agora tudo é silêncio pelas doze estações.
Estrofes que de uma forma ou de outra
Receberam a semente da face que só tinha
O olhar para ternura humana,
Para os que temiam a palavra do Eremita
Mor de todos os sentimentos!
Em algum lugar da escuridão
Corações solidários se engajaram em oração,
Aguardando que o amanhã renasça trazendo
No ovo a Profecia do terceiro dia.
A palavra que nunca será esquecida,
As mãos que afagaram com Amor!
Auber Fioravante Júnior
SINTOMAS DE AUSÊNCIA TUA
Chove lá fora e é inverno no meu peito
A tua ausência desenha um mundo cinza
O teu contágio latente manifesta
Garimpo o teu perfume rarefeito...
Tudo em mim te cobra e te precisa.
Meu coração de válvula sangrenta
Me impregna na mente e me ordena:
“Te procurar feito louco entre as caras!”
Me põe na rua atropelando medos
Pra te encontrar no sul da madrugada
Nua de todo e qualquer que nos separe
Ardendo em febre e o amor preso entre os dedos.
Altair de Oliveira - In: “Curtaversagem ou Vice-versos”
***
DEUS NO ORVALHO
Canções do Madredeus.
Pipa desgarrada das mãos do menino
Saber que em Marte o entardecer é azul
(saber que nunca poderei te oferecer
o entardecer azul de Marte)
A dor profunda dos olhos cegos de Borges
Deus afogado no mar negro do meu olhar
Bárbara Lia
21 gramas/2012
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Tempo
...E no relógio de parede
as horas se vão...
vão tristes pelo caminho
ou céleres atropelando a vida.
Vão, vão passando lentamente
quando se vê, perdeu-se
os pensamentos no meio do caminho.
Marta Peres
Ressurreição de mim....
Quando menino – a vida em preto e branco –
eu era tão humilde que acabava brigando com o Natal,
com a Páscoa e, às-vezes-quase-sempre, até com o dia
do meu aniversário...
Então eu acabei optando por fazer de todos os dias
de minha vida o meu Dia de Papai Noel...
Como não posso distribuir presentes nem chocolates
para todos os encantadores de meu inquieto coração,
distribuo-lhes poemas...
O que hoje faz de mim o primeiro da fila
no dia de ganhar algum presente do amor
que eu tenho pela vida...
Afonso Estebanez
VIERNES SANTO
ACOMODO
LENTAMENTE
LAS ESPINAS
AL BORDE
DE MI PLATO
DE LEJOS,
LA SAMARITANA
APRUEBA
ESTE BANQUETE
CON UN CALIZ
DE COMPASIÓN
DOS CEDROS
EN CRUZ
ACOMPAÑAN
MI SILENCIO.
Y EL ROSTRO
ESQUIVO
DE CRISTO
PARECE QUE
SANGRA MENOS.
LENTAMENTE
LAS ESPINAS
AL BORDE
DE MI PLATO
DE LEJOS,
LA SAMARITANA
APRUEBA
ESTE BANQUETE
CON UN CALIZ
DE COMPASIÓN
DOS CEDROS
EN CRUZ
ACOMPAÑAN
MI SILENCIO.
Y EL ROSTRO
ESQUIVO
DE CRISTO
PARECE QUE
SANGRA MENOS.
Gloria Kirinus
domingo, 1 de abril de 2012
ela não vai a uma festinha
para ouvir a melhor canção do mundo
para educar o seu cachorro
criar um conceito filosófico
... ninar o seu menino
para enxugar uma poça de sangue
ir de carona com um caminhoneiro
traduzir o velho Maiakóvski
para uma transa cautelosa com um cavalo no banheiro
ela não vai a uma festinha
para tirar suco das laranjas
para ouvir um conselho do avô
para um tratamento dentário
pegar um navio até o Caribe
posar nua diante de um pintor
discutir os campos da geologia
mastigar o avesso do fogo
para galopar em pelo sem ferradura
ela não vai a uma festinha
para o exercício da piedade
defender-se num processo judicial
passar horas sem fim na biblioteca
para morrer completamente
estar dentro de um soneto
escalar o pico Marumbi
tomar um copo quente de Nescau
para dormir num quarto rosa
Luiz Felipe Leprevost
para ouvir a melhor canção do mundo
para educar o seu cachorro
criar um conceito filosófico
... ninar o seu menino
para enxugar uma poça de sangue
ir de carona com um caminhoneiro
traduzir o velho Maiakóvski
para uma transa cautelosa com um cavalo no banheiro
ela não vai a uma festinha
para tirar suco das laranjas
para ouvir um conselho do avô
para um tratamento dentário
pegar um navio até o Caribe
posar nua diante de um pintor
discutir os campos da geologia
mastigar o avesso do fogo
para galopar em pelo sem ferradura
ela não vai a uma festinha
para o exercício da piedade
defender-se num processo judicial
passar horas sem fim na biblioteca
para morrer completamente
estar dentro de um soneto
escalar o pico Marumbi
tomar um copo quente de Nescau
para dormir num quarto rosa
Luiz Felipe Leprevost
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