De Mara Paulina Arruda.
Que pessoa mais simplista eu sou. Enquanto minhas amigas vêm para o trabalho todas pranchadas, cheirosas e com sapato agulha eu aqui, nesse jeito despojado, pra não dizer outra coisa: rasteirinha nos pés, calças compridas, blusinha meia estação. Que coração esse o meu! Na verdade esse meu coração vem solidificando as tragédias e alegrias que a vida tem me proporcionado. Preparam próximos dos meus olhos as granadas para implodir a casa velha. Eu resisto. Mas que jeito se a vida é Babel. Chegaram e já disseram: você está lascada! E apostos para colocarem abaixo o que restou de uma construção de décadas. Cada cabeça uma sentença disse alguém enquanto eu varria as folhas em frente da casa. Casa Amarela, casa outonal que meu irmão descreveu. Toda essa construção perdida, no longe dos nossos olhos, tão perto do osso-coração. Que bobagem é essa mania que tenho: medir meu passado comparando com o seu.
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