domingo, 27 de abril de 2014

De Mara Paulina Arruda


As mãos nodosas de dona Amália seguravam um copo com suco. O cabelo fino penteado para trás. Estava encostada na varanda enquanto o sol se punha... Contava o número de aves naquela tarde. Ela aprendera ler o tempo: Uma dorzinha no pulso ou um estralo na coluna anunciava mudanças...
Ela gostaria de falar de amor mádiosanto a vida não lhe deu trégua e o amor ficou no longe dos olhos. Não queria nem falar naquele lá. Que ficasse no canto dele! Já bastava ter lhe enrolado nos anos passados.Ela gostaria de falar do cantar, ah ela gostaria...quando moça cantava bunito mas nem a voz e nem o corpo alcançavam mais as notas necessárias. Trabalhar foi o rio da sua vida. Esse foi o canto. Esse foi o amor na comunidade granjeira que viveu. Depois de tudo tava ali sentindo o cheiro da uva, o cheiro dos pêssegos e o cheiro das flores.

Por gentileza, façamos silêncio!

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