quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Um homem carregava um ser esquálido, disforme, medonho aos meus olhos desacostumados com o imperfeito. E vi alegria nos olhos do homem e nos enormes braços bambos do menino, que o vento acariciava. O homem carregava o filho e o amava desesperadamente. Amava-o a despeito de todas as deformidades físicas. De vez em quando parava e beijava-lhe a fronte como que se quisesse acalmá-lo da vida.Tudo isso ali, às margens da linha férrea, num quase meio-dia do dia de finados. Tudo ampliado pela luz. Tudo belo. Tudo dor.
Lázara Papandrea

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