sexta-feira, 26 de abril de 2019

Elogio da sepultura




Eu prefiro ser,
Eu sou,
Sou o vento, mais uma vez.
Fluo, amor.

Eu choro por coisas tristes,
Eu rio, nunca por desdém.

Eu caminho na estrada do existir
A passos largos e plenos.
Mas nem sempre foi assim.

Eu, tão eu,
Sendo eu, ninguém.

Ninguém me olhou,
Ninguém me estendeu a mão,
Nem eu, a mim mesmo.

Eu duvidava dos abismos,
Pensava serem portais do poder.

Eu duvidava dos mestres
E continuo sem conhecer.

Eu sabia da distância,
Eu sabia da jactância
Eu sabia que nada sabia,
Mas mesmo assim continuei a escrever.

Eu derribei todo o Brasil,
Eu derribei todo estrangeirismo
Eu derribei todo sonho
Dentro de mim.

Eu continuei a viver.

Eu vivo,
Eu escrevo, eu respiro a liberdade,
Eu amo,
Um amor não clichê.

Eu sou intelectual,
Eu sou sábio,
Eu sou a montanha,
Eu sou o vale,
Eu sou o mar,
Eu sou o esgoto,
Eu sou a lama

Eu sou tudo,
Se me quer reduzir,
Ao que cabe em você.

Eu às vezes corro,
Eu às vezes morro,
Eu às vezes penso,
Eu às vezes nem lembro
O que deixei de comer.

Sobre os templos de meus
Simulacros

Estará a mensagem

Aqui jaz o vácuo de alguém
Que significou a si mesmo.
ACM

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