quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

DE OLHOS FECHADOS




Do nada, às vezes,
De lugar nenhum

Surgem luzes invisíveis
A olho nu.

Escuro, ou vozes
Que me chamam

Espelhos se partem — um enxame
De vagalumes.

Nenhum vestígio
De que estivessem aqui.

O olhar uma lâmpada
Apagada —

Uma lua cujo rastro
Acende a lesma que a devora.

Em chamas, inchada,
Ela agora derrama

Seu sangue
Sobre estilhaços brilhantes.

De um outro céu.
Sorrisos, estranhas iscas do além.

Irreconhecíveis.

***
Em "Solarium" (Editora Iluminuras, 1994)
Rodrigo Garcia Lopes

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