sábado, 8 de janeiro de 2011

Eu vendo a venda

para que vejam com a alma
ninguém compra a escuridão
tendo tanta luz à mão do olhar
Eu vendo a escuridão à cantar;
decantando da imagem o lôgro
da imagem a roubar do pensamento
o don do pensar
aceita a imagem o sofrimento o gôzo
mais do que o som do silêncio a implorar
nas letras as idéias do torturante imaginar
no delírio da razão prefiro
as cores do sangue a pingar do sol a suar
na tela de televisão
no meu bairro a rodar
a roda a moer
a imagem a atropelar
Não sou feito de aço,
eu enferrujo,
por isso evito ventos fortes
lágrimas à toa.
Como da primeira vez.
Pareço feito de areia, então escorreguei por entre seus dedos.
Mas foi a última vez.
Sou um bandido alado, impreciso, roubo a substância do abstrato.

Me comunico em panfletos colados nos postes, cartazes nos tapumes, muros piccahdos, estampas de camiseta, adesivo de carro. Tenho apenas cinco sentidos, todos voltados para a contra-mão, e mesmo assim reconheceria a sua voz até no inferno. Eu viajei vezes e vezes por você sempre um segundo atrasado leve, leve, leve e esperei... as 7 voltas nas muralhas de Jericó os 3 dias pela ressureição os cem anos de guerra e solidão os nove meses no ventre da tua mãe mas somente aprendi as leis do tempo quando li as linhas da tua mão. A poesia não espera pela inspiração o amor não espera amadurecer a dor não espera o perdão a fome não espera a sede a vida não espera o fim do expediente o sol nunca espera pela lua e eu não espero mais por você.

Luíz Belmiro Teixeira

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