sábado, 12 de janeiro de 2013

não sei que horas eram.



 Mar Becker

não sei que horas eram.

o anão metafísico sentiu o estômago revirar e em questão de segundos vomitou tudo. ad infinitum. alguém esperava do outro lado da porta, se não me falha a ideia. ou? você via um cachorro montando nos quadris

de sua própria sombra. como a loucura, talvez: suas paredes,
sua antimatéria em 3d.

*

considere-se uma relação direta entre o anão, o cachorro e a sombra. essa relação, em qualquer mundo possível, dá origem ao que hoje em dia chamamos "dízima periódica de órfãos". segundo os especialistas, evidentemente.

segundo minha vontade de ir embora.

*

que se conte alguma coisa
sobre os órfãos?

o mais novo assassinou um louco e pendurou partes de seu cadáver nos silêncios do inverno. o sangue escorreu aqui e ali, durante noites, até formar precisamente 666 poças. dizem que não há fundo em nenhuma delas.

cúmplice da brutalidade, você teve sede
e bebeu desse sangue.

*

o do meio cansou de esperar e bateu à porta outra vez, TOC-TOC-TOC
(obsessiva e compulsivamente).

*

o mais velho deixou um bilhete de despedida
dentro do livro em que consta

este poema.
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