sábado, 12 de janeiro de 2013



De Mara Paulina Arruda

Caminhávamos cabeça baixa, pensando no filme, em suas tramas e nas revelações que, para cada um, era pertinente. As palavras e as cenas nos corroíam numa noite clara em que a lua se fazia presente. Um filme de época. O olhar dos personagens seguia-nos nas ruas até chegar em casa. Parecia que ele carregava uma biblioteca nas costas. O corpo arqueado dentro de um terno marrom surrado. Os ossos do rosto cobertos por uma camada fina de pele. E as mãos com os metacarpos saltando entre músculos e nervos o que dava um destaque para a aliança que tinha na mão esquerda. Saímos assim: meio titubeantes na realidade da vida às 22 horas. Nem eu nem ele queríamos falar sobre o tema tratado dentro do cinema. Ao dobrarmos a quadra juntos dizemos uma frase do filme. Sorrimos. Ele perguntou: qual é o adjetivo que podemos dar para esse filme? Quando eu ia responder ele acrescentou olhando-me nos olhos: adjetivo para a vida real. Eu não soube responder.

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