terça-feira, 15 de janeiro de 2013
De Mara Paulina Arruda
Sabe aqueles dias em que tudo verte? As miudezas do amor. Eucaliptos cortados sendo carregados pelo motorista da madeireira. Ana Carolina pulava corda em frente da casa. E lá lá lá lá. A criança no colo de Luiz, o pai; a toalha suspensa, na metade da janela. As franjas sendo vistas pelos que passavam na estrada. Manhã. E sabe lá deus em que ele estava pensando. Com a lenha nas costas subia a estrada íngreme de volta para casa, no meio da palha seca; já estava na hora de começar a virar a terra, ele disse. O outono, boa estação para semear. Ai eu falei e ele falou e fomos ficando íntimos ao ponto de tocar um no braço do outro e deixar esquentar aquele toque. O ônibus passou espalhando pó pra tudo quanto é lado. Barulho ensurdecedor, pelo menos pra mim, que gosto de ouvir o mugido do gado, o acuar do cachorro e o pipitar dos pássaros. Pouco vento para dar frescor na pele por conta do sol ardido daquele dia. Miryane de Lima- uma mulher de voz fininha, estridente - é mãe de Ana Carolina. Ela reclamava da chuva em demasia dos últimos tempos “chuva demais enjoa e ainda bem que hoje tem sol!” e ralhava com Ana que ainda não tinha feito a lição da escola. As verduras e hortaliças na estufa germinando. E, assim chegamos atolados em olhar um para o outro
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