"Jazz
Matisse recortou papéis pintados à guache e os batizou de
muitos nomes, entre eles: o cavalo, a amazonas e o palhaço. No enterro de
pierrot também aparecia um cavalo azul e laranja feito de papel. No pavilhão de
baixo do museu um cavalo olha diretamente para a câmera, enquanto o cavaleiro
pousa. O cavalo tira também uma foto de mim e de todas as pessoas que passam em
frente ao quadro nesses últimos quatro meses. Dezenas e dezenas de pessoas que
param menos ou mais tempo diante do cavalo sem saber que são fotografadas, sem
saber que uma versão invertida de si vai parar lá dentro do quadro, presa na
retina convexa de um animal que puxa carroças. Um processo do qual o cavaleiro
é totalmente ignorante porque pousa. Ellen Ruth também passeia pelo museu de
mãos dadas com um homem que não nos interessa, vê os cavalos de Matisse e os
perfis dos homens que os montam, pensa neles enquanto faz xixi."
Julia Raiz no escamandro.
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