quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Uma pausa necessária




RIO DE JANEIRO - Não costumo escrever sobre os livros que recebo. Faltam-me o critério crítico e o mínimo de conhecimento técnico para abordar um assunto que conheço mais por instinto do que por gosto. Mesmo assim, sinto de minha obrigação falar sobre dois livros recentemente lançados que, além de sua importância intrínseca, valem como instrumentos de formação humana e cultural.
"História da Literatura Brasileira", do poeta Carlos Nejar, é uma pequena enciclopédia que trata da carta de Pero Vaz de Caminha à contemporaneidade. Extensa no tempo, é intensa na penetração dos autores que formaram a nossa cultura, não apenas a cultura literária em si, mas o patrimônio espiritual que nos liga como nação, cujos valores humanísticos Nejar focaliza com a autoridade que conquistou em sua já longa caminhada literária.
O outro livro é também de um poeta e trata de poesia. Tem um valor didático e necessário, pois abre um território até hoje pouco explorado pelos nossos autores. "Poetas da América de Canto Castelhano", de Thiago de Mello, é uma antologia de excelente bom gosto dos maiores poetas de nossa língua irmã, de Jorge Luis Borges a José Martí, de Gabriela Mistral a Pablo Neruda, um elenco monumental que, em parte, é desconhecido pelos leitores brasileiros.
Quando estive em Cuba, como jurado do Prêmio Literário Casa de Las Américas, fiquei impressionado pelo desconhecimento recíproco dos autores latino-americanos. Somente um colombiano, o poeta León de Greiff, que por sinal está presente na antologia do Thiago, conhecia alguma coisa de Drummond.
Nejar e Thiago são dois operários que construíram uma obra que faz parte de nossa perspectiva literária e cultural. Os dois livros que aqui lembrei honram o nosso momento editorial.


CARLOS HEITOR CONY - 20 Oct 2011 

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